29 de setembro de 2010

North and South (2004)

Informação técnica no IMDb.

Director: Brian Percival
Escritores: Sandy Welch (adaptação), Elizabeth Gaskell (obra original)
Actores: Daniela Denby-Ashe, Richard Armitage, Sinéad Cusack
Nota: 5/5

Esta foi uma das maravilhas que descobri através da internet. Caso ainda não tenham reparado, gosto de História e adoro dramas históricos e sempre visitei sites que se debruçavam sobre estes temas onde via então elogiarem esta mini-série, pelo não descansei enquanto não a adquiri através da Amazon (já agora, foi a minha primeira compra on-line, juntamente com alguns livros do Bernard Cornwell). Enquanto esperava que chegasse vi pelo YouTube, onde estava disponível mas agora não faço ideia se ainda estará, amei e quando finalmente chegou lá fui vê-lo outra vez. Entretanto já o vi mais vezes e adoro-o cada vez mais, se tal é possível. Também já tive oportunidade de ler o livro e, apesar de diferirem em vários pontos, adoro-os de igual maneira e, sinceramente, acho que me dava uma coisinha má caso me visse sem ambos. :P

A série é simplesmente fabulosa. Como acontece quase sempre, o livro ganha no que toca a detalhes e, na obra original, a escrita da autora é notável dando-nos a perceber estados de espírito e o carácter das personagens através da descrição do que os rodeia. Pois bem, nesta série conseguiram praticamente fazer o mesmo através do cuidado que colocaram nos cenários, como por exemplo a casa dos Thornton com objectos encerrados em redomas mais para “inglês ver” do que por quem ali habita gostar realmente de tais objectos; na tonalidade da imagem, soalheira para o Sul e acinzentada para o Norte; mas sobretudo devido ao cuidado na escolha dos actores que dão então vida às personagens. Aqui não temos as palavras a descreverem-nos o que vêem, o que sentem, mas é impossível não perceber como John Thornton deseja Margaret enquanto a observa a servir-lhe uma chávena de chá. É impossível ficar indiferente à dor das personagens perante a rejeição e a perda, assim como é difícil ficar indiferente a uma personagem fria mas que tem no seu filho o seu maior orgulho e, apesar da própria afirmar que não consegue demonstrar afeição mesmo quando a sente, que deposita nele todo o seu amor e afecto desprezando aqueles que não conseguem ver as suas qualidades.

Não tenho palavras para descrever tudo o que esta série faz-me sentir pelo que só posso aconselhar a que vejam e julguem por vós mesmos. Mas para mim é uma série para ver e rever e ver novamente. São 4 horas que, infelizmente, passam num instante e que deixam sempre um vazio que só pode ser suplantado com um novo visionamento. Tal como o livro, é uma daquelas séries que fica connosco. É uma daquelas séries para rever vezes sem conta.

P.S.: Não me tinha apercebido mas faz hoje 200 anos sobre o nascimento da autora, Elizabeth Gaskell, que escreveu tão belíssimo livro que deu origem a tão belíssima série e, devido a isto, uma série de blogs organizaram um tour com vários artigos sobre autora, a sua obra e adaptações. Podem ler uma crítica à série aqui e saber mais informações sobre este evento em Austenprose.

25 de setembro de 2010

A Marca de Kushiel (O Legado de Kushiel, Livro 2)

Autor: Jacqueline Carey
Género: fantasia histórica
Editora: Saída de Emergência | Nº de páginas: 400
Nota: 5/5

Resumo (do livro): Para trás ficaram Terre d'Ange e as intrigas palacianas, a Corte das Flores da Noite, os amados Delaunay e Alcuin, os amigos, patronos e tudo o que para Phèdre evoca a palavra "casa"... Para trás ficaram também a herdade e a familiaridade da sua ternura tosca, a gentileza das suas mulheres e a beleza das suas cantigas...

Diante de Phèdre abre-se agora a incógnita de um destino de cativeiro às mãos do cruel Waldemar Selig, no ambiente hostil da sua herdade e das suas gentes... O desvendar da ameaça que paira sobre Terre d'Ange, dos planos de um poderoso comandante e dos traidores d'Angelines.

Pela pena de Phèdre, afrontamos o Mais Amargo Inverno através da vastidão skáldica, o retorno a Terre d'Ange e a oportunidade de salvar tudo o que lhe é mais querido.

Traição, guerra, desafio, imolação, amor e redenção. Logrará Phèdre fazer jus à Marca de Kushiel e concretizar esse sonho tão ansiado?


Opinião: O livro pega onde o primeiro ficou e se aquele apresentava as personagens, nomeadamente Phèdre que relata então a sua história, focando-se o volume anterior na sua “formação”, neste já recorremos com menor frequência à lista de personagens que se encontra no início do livro (e tão útil no primeiro volume) e acompanhamos a personagem principal nas suas aventuras e desventuras para evitar que Terre d’Ange caia nas mãos dos Skaldi.

Esta segunda parte do primeiro volume original tem assim mais acção e é quase impossível colocar o livro de lado. Gostei do desenvolvimento da intriga, de como todas as peças se parecem juntar. Gostei também do desenvolvimento das personagens. Destaco o Príncipe dos Viajantes, que faz uma escolha difícil (e já agora, adorei toda esta parte nas 3 Irmãs), Joscelin, que se torna num verdadeiro Cassiel, cedendo no entanto a algumas tentações, e Ysandre que já tinha suscitado interesse na primeira parte, parece uma monarca digna e consciente do que a espera, não admirando que suscite a lealdade da personagem principal. Melisande, a vilã, também está muito bem conseguida sendo também fácil de perceber o porquê do fascínio que exerce sobre Phèdre.

Com personagens construídas de forma belíssima e uma intriga que nos mantém presos ao livros, é sem dúvida uma série a seguir, até porque este volume deixa uma porta aberta para um outro volume e, sinceramente, mal posso esperar por o ter nas mãos.

22 de setembro de 2010

O Dardo de Kushiel (O Legado de Kushiel, Livro 1)

Autor: Jacqueline Carey
Género: fantasia histórica
Editora: Saída de Emergência | Nº de páginas: 400
Nota: 5/5

Resumo (do livro): TERRE D'ANGE é um lugar de beleza sem igual. Diz-se que os anjos deram com a terra e a acharam boa... e que a raça resultante do amor entre anjos e humanos se rege por uma simples regra: ama à tua vontade.

Phèdre é uma jovem nascida com uma marca escarlate no olho esquerdo. Vendida para a servidão em criança, é comprada por Delaunay, um fidalgo com uma missão muito especial... Foi, também ele, o primeiro a reconhece-la como a eleita de Kushiel, para toda a vida experimentar a dor e o prazer como uma coisa só.

Phèdre é adestrada nas artes palacianas e de alcova, mas, acima de tudo, na habilidade de observar, recordar e analisar. Espia talentosa e cortesã irresistível, Phèdre tropeça numa trama que ameaça os próprios alicerces da sua pátria. A traição põe-na no caminho; o amor e a honra instigam-na a ir mais longe. Mas a crueldade do destino vai levá-la ao limite do desespero... e para além dele. Amiga odiosa, inimiga amorosa, assassina bem-amada; todas elas podem usar a mesma máscara reluzente neste mundo, e Phèdre apenas terá uma oportunidade de salvar tudo o que lhe é mais querido.


Opinião: O livro vinha altamente recomendado pela Canochinha, que leu esta trilogia (ainda que cá pareça que os volumes originais vão ser divididos em 2 livros, sendo este livro correspondente então à primeira metade do primeiro volume original) e fez questão de andar a gabá-la suscitando a minha curiosidade. Entendo agora o porquê do entusiasmo... o livro é mesmo magnífico!

A história de Phèdre nó Delauney é-nos contada pela própria protagonista e deixem-me dizer que a autora faz um trabalho extraordinário. Já li vários livros contados na primeira pessoa, mas poucos fizeram com que sentisse que a protagonista estava-me mesmo a contar a história. Geralmente acompanhamos o narrador enquanto a história se desenrola, aqui temos a protagonista a contar-nos a história da sua vida. Com artifícios como “isto era o que eu pensava neste momento, pois mal sabia eu o que estava por vir”, a autora como que trás à vida a sua personagem parecendo que esta nos conta, num qualquer serão, o que a levou até ao momento presente. Achei a narração magnífica porque mais do que ler, pareceu-me estar a ouvir a história, coisa que adoro. Simplesmente adoro ouvir as histórias das pessoas que se cruzam comigo e senti que, de facto, me cruzei com a protagonista. Mas esses artifícios têm outra razão de ser, aguçam a nossa curiosidade o que faz com que seja muito (e deixem-me enfatizar o muito) difícil colocar o livro de lado.

Mas para além da protagonista genial, a autora conseguiu também criar muitas outras personagens riquíssimas, entre as quais Melisande, que no seu requinte sádico é simplesmente extraordinária, e Ysandre de la Courcel, a herdeira de Terre d’Ange que, apesar do pouco que nos é dado a conhecer, parece ser uma personagem forte. Deve ser mesmo a personagem que mais curiosidade me suscita. Mas as personagens nada são sem história e esta está também muito bem conseguida. Apesar de a acção se desenrolar numa Europa de um universo paralelo, sendo fácil identificar povos e territórios, facilmente aprendemos a sua mitologia, história e rapidamente somos sugados para o meio de uma complexa intriga política, onde nem tudo parece ser o que é e cuja trama parece estar longe de ver o seu fim.

Este livro tem praticamente tudo o que procuro num livro e só posso mesmo recomendá-lo, mas com cuidado, já que a vontade de ler os volumes seguintes é muita. :P

20 de setembro de 2010

Adaptações

Eis uma das minhas motivações para ler livros! Para dizer a verdade, até há uns 8 ou 9 anos atrás, pouco me dava conta de filmes ou séries serem adaptações de livros ou que havia livros que tinham começado por ser guiões de filmes. Acho que só realmente me dei conta de tal com o advento da internet em minha casa, que é sem dúvida o maior meio de divulgação nos dias de hoje, de filmes que se encontram em produção e prontos a estrear, e com a adaptação ao grande ecrã de livros como O Senhor dos Anéis e Harry Potter, livros que já há algum tempo namorava nas livrarias ou tinha, de facto, lido. Agora, e quem segue este meu cantinho há algum tempo já deve ter percebido, que gosto de ver as adaptações dos livros que leio ou vice-versa.

Tento na maior parte das vezes ler primeiro o livro, mas nem sempre tal acontece. Com o Stardust, por exemplo, calhou ver primeiro o filme, que achei hilariante, e foi isso que me levou ao livro. Este decepcionou um pouco, sobretudo por personagens de que gostei não estarem tão presentes e o final ter sido diferente. Já houve situações em que adorei o livro mas a adaptação ficou aquém. Esta, aliás, parece ser a opinião da maioria: as adaptações parecem perder quase sempre para a versão literária. Bem, não me admira...

A palavra escrita é entendida por cada um de forma diferente e toca cada leitor de inúmeras maneiras, é uma experiência que se vive quase sempre só e dependendo do espírito do leitor pode mudar a sua percepção do mundo. Com os filmes acontece o mesmo, se bem que a experiência é dividida com mais pessoas numa sala de cinema ou em casa, mas para além disso, a leitura parece permitir um escape maior à realidade do que os filmes, ou pelo menos assim me parece. Entro mais depressa no mundo de um livro do que num filme. Nos livros as personagens são mais desenvolvidas, a história vai-se desenrolando aos poucos, os pequenos detalhes parecem tomar outras dimensões e o único limite é a nossa imaginação. As adaptações têm um limite de tempo e de espaço, por vezes parece ficar muito para contar para além de representar a visão de outra pessoa e não a nossa. Mas há adaptações bem feitas e podemos gostar delas se as acolhermos como uma outra obra e não a representação daquela que lemos antes.

Adoro adaptações, dão-me a conhecer livros que ainda não li e, quem sabe, nunca vou ler, e dão-me a conhecer o que outros viram no livro que li. Posso nem sempre concordar com tal visão, mas não deixa de ser interessante e válida, aliás como acontece com tudo o que é opinião. :P

Mas isto tudo porquê? Porque estou ansiosa para ver duas adaptações! Para começar, li críticas muito boas ao livro Os Pilares da Terra, de Ken Follett e saber que estavam a realizar uma mini-série, está claro, aguçou-me a curiosidade. Se há coisa que me fascina é como conseguiram, as civilizações anteriores, erguer tão magníficas obras de construção, neste caso as catedrais. Um romance que se debruça sobre tal tema só me podia interessar. Eu nem só grande adepta de tais construções, não sei porquê mas edifícios religiosos oprimem-me e apesar de muitos serem belíssimos, prefiro sempre apreciá-los do exterior. No entanto, e tendo lido apenas cerca de 80 páginas, já me sinto tentada a mudar de opinião e de olhar para elas de maneira diferente. Só me resta tentar ler os livros antes da série estrear no AXN, se bem que talvez até fosse uma ideia interessante acompanhar a série com o livro (tentei fazer isto ao ler North and South da Elizabeth Gaskell e até estava a gostar, mas infelizmente tenho menos tempo, ou disposição, para ver DVDs que para ler :P ).

A outra adaptação que estou mortinha por ver é a série A Game of Thrones, baseada então no primeiro volume das Crónicas de Gelo e Fogo do George R.R. Martin. Li os 4 volumes (correspondentes aos 2 volumes originais) e tenho adiado a leitura dos outros 4 (mais uma vez correspondendo a 2 volumes originais) porque o autor parece que não se decide a publicar o quinto volume, A Dance with Dragons. Até me pergunto se não será táctica para distrair os fãs, mas é inegável que o meu interesse na série é grande. Para começar, a história tem todos os ingredientes que procuro e tem personagens riquíssimas, que amamos ou odiamos. Além disso, a adaptação conta com alguns dos meus actores preferidos, Sean Bean por exemplo, e é sempre bom vê-los actuar. :P

18 de setembro de 2010

O Físico (Trilogia Cole, Livro 1)

Autor: Noah Gordon
Género: ficção histórica
Editora: Biblioteca Sábado | Nº de páginas: 520
Nota: 4/5

Resumo (do livro): No século XI, Rob Cole abandona com apenas onze anos a pobre e doente cidade de Londres para vaguear pela Inglaterra. Durante as suas deambulações, fazendo malabarismos e vendendo curas para os doentes, vai descobrindo a dimensão mística da sanação. E é através dessa peregrinação que descobre o seu verdadeiro dom, que o levará a converter-se em médico num mundo violento, cheio de superstições e preconceitos. Tão forte é o seu sonho que decide empreender uma insólita e perigosa viagem à Pérsia, onde estudará na prestigiada escola de Avicena. Aí dar-se-á uma transformação que modificará para sempre a sua vida e o seu destino...

Opinião: Desde que li a crítica no blog Papéis e Letras, que fiquei com curiosidade em ler este livro. Tendo sido o escolhido para mais uma leitura conjunta do fórum Estante dos Livros, não hesitei e peguei-lhe.

Neste livro travamos conhecimento com Rob Cole que cedo descobre possuir um dom, consegue sentir a força vital das pessoas, como uma ampulheta com areia a escorrer. Consegue perceber se o fim de alguém está próximo, devido a doença, pegando-lhes nas mãos. Mas tal dom transforma-se em fardo já que sente tal pela primeira vez com seus pais que morrem deixando-o órfão e com os irmãos mais pequenos ao seu cuidado, que rapidamente são tomados por outros, pessoas mais capazes de os acolher e educar. Também um Barbeiro-Cirurgião toma-o em seu cuidado e ensina-lhe a profissão: a arte dos malabarismos e do desenho de caricaturas, de modo a chamar a sua plateia para depois vender então os seus bálsamos e tratar de algumas infecções e doenças. Mas percebendo que o seu conhecimento é pouco face às inúmeras e diversas queixas dos seus pacientes e sendo-lhe dado a conhecer que na longínqua Pérsia se estuda a arte de tratar as variadas doenças, sob a mão de Ibn Sina, Rob parte então à descoberta do saber, passando por Judeu para ser melhor tolerado no Oriente muçulmano.

Adorei o retrato do séc. XI que o autor nos apresenta, tanto da Europa como do Oriente, sob os mais variados aspectos. Para começar, devo salientar a descrição da viagem de Rob rumo à Pérsia, com as caravanas e as aldeias judaicas, dispostas a cuidar de qualquer um da sua fé, numa extensa rede de comunicação. Apesar de ser aluna de História/Arqueologia, e agora mais dedicada a transportes (do séc. XV em diante), li tal descrição com muita curiosidade já que era coisa que confesso pouco sabia. Claro que sabia que se tinham de deslocar em grupos, a pé, mas não sabia como tal viagem se organizava e como se protegiam de meliantes e soldados sempre tão perigosos nas estradas. Para além disto, achei curioso que estando na base da hierarquia médica da época, os barbeiros-cirurgiões fossem, porventura, os que mais e melhor conseguiam acudir os doentes, já que os físicos não faziam mais que sangrar os pacientes (técnica, aliás, que prevaleceu no tempo até ao séc. XIX). A descrição dos ensinamentos também em pareceu bem conseguida, assim como as diferenças religiosas que apesar de separarem os personagens, não impede que se dêem bem e se tornem até amigos, passando uma mensagem semelhante à de Os Leões de Al-Rassan. A discussão sobre o dissecar corpos também me pareceu bem urdida, com argumentos coerentes tanto do lado de Rob, que a certo ponto se rebela contra a religião já que vê fiéis a desobedecerem a leis canónicas para seu proveito próprio mas que para inovar na ciência nada faziam, assim como dos adeptos mais fiéis à religião. Acreditando, as religiões do Livro, na vida após a morte, é compreensível que se temesse a dessacralização através da abertura daquele depois da morte. Saliento também como este tema é ainda actual, com poucos corpos sendo doados à ciência e havendo discussão acerca da recolha de órgãos em pessoas clinicamente mortas mas com órgãos viáveis para transplantes, assunto que de resto faz sempre parte de alguma série médica.

Reparei que no fórum pouco debate esta LC provocou. Pela minha parte, nas últimas semanas não participei por falta de tempo (às vezes tenho muito tempo disponível, outras vezes pausar para respirar é complicado), mas também porque achei que pouco havia a debater. O autor tem uma tal capacidade de escrita que os mais variados temas que se poderiam discutir são discutidos no próprio livro. É o autor que puxa os temas e de forma directa expõe prós e contras, os dois lados da discussão, acabando sempre com cada um dos lados um pouco mais sábio sem, no entanto, se sentir tentado a mudar de opinião. As opiniões são firmes, as exposições do outro também, mas em vez de se tentarem dominar um ao outro ao perceberem o impasse, colocam a discussão de lado entendendo que cada um tem a sua opinião. Talvez tal ensinamento pudesse ser tomado por outros, digo eu...

Sem dúvida um livro que aconselho sobretudo para quem tenha curiosidade em ler sobre o séc. XI, já que oferece um variado leque de personagens e situações que mostram de forma exemplar tal período.

Só uma curiosidade, existem mais dois livros, Shaman e Matters of Choice, que acompanham a família Cole na sua aventura médica, por assim dizer, sendo que estes dois livros se centram em diferentes períodos históricos, no séc. XIX e séc. XX, respectivamente.

15 de setembro de 2010

Traição de Sangue (Sangue Fresco, Livro 6)

Autor: Charlaine Harris
Género: fantasia urbana
Editora: Saída de Emergência | Nº de páginas: 288
Nota: 3,5/5

Resumo (do livro): Sookie Stackhouse, uma empregada de bar na pequena vila Bon Temps em Louisiana, tem tão poucos parentes vivos que a entristece perder mais um; neste caso a sua prima Hadley, amante da rainha dos vampiros de Nova Orleães.

Hadley deixou tudo o que tinha a Sookie, mas reclamar essa herança tem riscos elevados. Há quem não queira que ela vasculhe demasiado o passado e as posses da prima - nomeadamente uma pulseira valiosa que faz parte de um conjunto oferecido pelo rei vampiro do Arkansas à rainha do Louisiana, e que Hadley roubou e escondeu antes de ser assassinada.

Sookie tenta evitar um conflito diplomático entre os dois reis mas, mais uma vez, a sua vida está em perigo pois alguém fará qualquer coisa para a travar...


Opinião: Continuação do conto One Word Answer, já que neste livro Sookie desloca-se a Nova Orleães para recolher o que a prima, cuja notícia da sua morte é então dada a conhecer no referido conto, lhe deixou em testamento. Pelo meio é apanhada pela política vampírica, o que mais me atraiu neste livro, e que a deixa com as inevitáveis sequelas físicas. Para além disto, continuam as aventuras e desventuras amorosas de Sookie, sendo que pela primeira vez senti algo na relação de Sookie com Bill, mas apenas para ver a separação definitiva.

Pouco mais há a destacar. Personagens, nomeadamente a rainha do Louisianna que ficámos a conhecer no conto, são aprofundadas sendo-nos então dado a conhecer como seria a vida da rainha antes da sua transformação, e como foi a sua adaptação. Penso que é a primeira vez que tal flashback nos é apresentado. Para além disso, vemos bruxas a fazerem uso do seu poder, o que achei muito bem conseguido, e, como não podia deixar de ser, temos mais alguns mistérios que apesar de serem de fácil resolução são, ainda assim, interessantes de se seguir. Este livro abre também o apetite para o próximo volume, cuja acção parece centrar-se num comício, por assim dizer, de vampiros e onde Sookie parece ter um importante papel a desempenhar.

11 de setembro de 2010

Sangue Fresco, Conto 5.1 [e-book]

One Word Answer (Sangue Fresco, Conto 5.1) [e-book]

Autor: Charlaine Harris
Género: fantasia urbana
Editora: - | Nº de páginas: -
Nota: 3/5

Opinião: Neste conto seguimos Sookie que recebe a notícia de que sua prima Hadley faleceu tendo-lhe deixado os seus bens. Se os contos anteriores não eram necessários para entender a história dos livros, este é pelo contrário recomendado que se leia antes do sexto volume, Traição de Sangue (coisa que infelizmente não fiz), já que serve como ponto de partida para o livro, onde aparece por várias vezes menções aos acontecimentos que têm lugar neste conto.

Surpreendida por ficar a saber que Hadley se havia transformado em vampira e que foi como vampira que conheceu a sua “morte definitiva”, Sookie tem que descobrir o que realmente aconteceu à sua prima na noite fatídica, metendo-se uma vez mais em apuros. Pouco trás de novo, mas percebe-se melhor a relação de Sookie com outros elementos da sua família e conhecemos novas personagens, que são aprofundadas no sexto volume.

8 de setembro de 2010

Sangue Furtivo (Sangue Fresco, Livro 5)

Autor: Charlaine Harris
Género: fantasia urbana
Editora: Saída de Emergência | Nº de páginas: 254
Nota: 4/5

Resumo (do livro): Sookie Stackhouse, uma empregada de bar na pequena vila Bon Temps, não é alheia a experiências sobrenaturais. Mas agora estranhos acontecimentos estão a mexer com a sua família e nunca antes o sobrenatural esteve tão próximo. Quando Sookie repara que os olhos do seu irmão Jason começam a modificar-se, ela percebe que ele está prestes a transformar-se numa pantera pela primeira vez – uma transformação mais rápida e intuitiva do que a maioria dos metamorfos que ela conhece.

Mas a preocupação de Sookie torna-se mais intensa e assustadora quando um atirador furtivo aponta a mira para os metamorfos locais, e os novos “irmãos” felinos de Jason começam a suspeitar que ele pode estar por trás dessa mira. Sookie tem até à próxima lua cheia para descobrir quem está envolvido nestes ataques... a menos que o atirador decida encontrá-la primeiro...


Opinião: Depois do livro anterior, peguei neste com grandes expectativas. Pareceu-me uns furos abaixo, mas mesmo assim superior aos dois primeiros. Um dos acontecimentos pelo qual mal podia esperar pelo desenvolvimento diz respeito a Jason, irmão da protagonista, que havia sido mordido no livro anterior. Felizmente parece que a coisa correu bem, mas que consequências terá para o seu futuro? Outra questão que me interessava diz respeito às relações amorosas da Sookie. (Dêem-me um desconto, sou gaja e gosto deste tipo de coisas quando não são demasiado lamechas. :P ) Parece que a autora quer-se divertir com a personagem e dá-lhe bastantes pretendentes sobrenaturais, já que para os humanos ela é vista como sendo diferente e alguém a manter longe. Mas será necessário tantos? Perdi conta às vezes que é beijada (e lambida) por pretendentes, mas deixem-me tentar enumerar: tivemos Bill, Eric, Alcide, Sam, Calvin e Quinn. Esqueci-me de algum? Tudo bem, gosto de personagens femininas fortes, que se consigam desenrascar sem necessitarem propriamente que o cavaleiro andante as venha salvar. Também não faço questão que se guarde para a sua alma gémea, não me faz impressão que tenha várias aventuras amorosas, mas não será um pouco demais? Triângulos ou quadrados amorosos até gosto, mas 5 ou mais vértices numa relação (tudo bem, ela não está com nenhum mas mesmo assim, não há mais mulheres no mundo sobrenatural?) parece-me um pouco demais. :P

Ora bem, posto isto passemos à história. Pareceu-me muito bem conseguida apesar de os mistérios não serem assim tão misteriosos. Não digo rapidamente, mas consegui descobrir quem estava por detrás dos ataques aos metamorfos e a revelação não trouxe, por isso, surpresa nenhuma. Já a outra, porque temos sempre dois crimes, também não surpreende por aí além. Destaco, no entanto, a incursão no mundo lobisomem, onde vemos a luta pela chefia da alcateia de Shreveport, a que Alcide pertence. Também percebemos um pouco melhor as relações entre vampiros, nomeadamente como a relação criador-progenitura é forte mas também como se relacionam entre si, em termos económicos, digamos assim. Também gostei de rever Claudine, que tínhamos conhecido no livro anterior e que aparece sempre quando Sookie mais parece necessitar de auxílio. Porque será? :P

Esta série não será um marco da literatura, mas sem dúvida de que é interessante de seguir, ou não se metesse a protagonista em apuros constantes.

6 de setembro de 2010

Vampiros

É verdade, estas criaturas estão agora na moda no que toca a livros mas o seu fascínio vem de muito antes. Pela minha parte, parece que sempre vivi rodeada por vampiros. Lembro-me de aprender a contar com a Rua Sésamo e o Conde de Contarrr, de ver o desenho animado Conde Pátula (este sim um vampiro vegetariano) e a novela Vamp, e de ainda em pequena ter visto cenas do Nosferatu. Também vi alguns episódios das séries Buffy e Angel, mas nunca foram séries que apreciasse verdadeiramente. Mas penso que foi com os filmes Drácula de Bram Stoker e Entrevista com o Vampiro que me apercebi do carácter mais sexual, e talvez o factor mais apelativo, destas criaturas, culminando agora na série True Blood, que sigo quase religiosamente.

No que toca a livros, penso que só nos últimos anos dois ou três comecei a ler livros com tais criaturas como personagens principais ou com bastante destaque. Confesso não ter ficado muito entusiasmada, sobretudo com o livro de Bram Stoker, mas gostei de ver a variedade de vampiros e seus atributos (ainda que alguns me fizessem revirar os olhos e sim, estou a falar dos vampiros "vegetarianos", que se alimentam de carne, e que brilham à luz do sol como se fossem bolas de disco, da Stephenie Meyer). Até agora apreciei bastante o livro A Estirpe e a série Sangue Fresco, que apesar de um começo mais ou menos, tem-se tornado bastante mais interessante, sobretudo no que toca à organização da sociedade vampírica e por nos mostrar como seria caso os vampiros fossem aceites na nossa sociedade, tornando-se cidadãos de pleno direito. Porquê o meu desapontamento com outros? Porque simplesmente não conseguem corresponder à ideia que eu tinha dos vampiros, e por isso são pouco apelativos, ou surpreender-me como os dois últimos que mencionei.

Apesar de no folclore serem criaturas repelentes e horripilantes, afinal de contas tratam-se de mortos-vivos, começaram por aparecer retratando na ficção, com Bram Stocker, o medo que a sociedade vitoriana tinha de doenças, que se propagavam de forma alarmante na época, e de estrangeiros, que chegavam a Inglaterra em números consideráveis, mas também os desejos reprimidos por uma sociedade com fortes valores morais, nomeadamente no que toca ao sexo, sendo que para eles não há qualquer inibição, satisfazendo-se com homens e/ou mulheres.


Hoje em dia não reflectem tanto os medos, ainda que nos anos 80 e 90 com a SIDA os vampiros tenham conhecido novo auge, mas continuam a reflectir esses desejos. Já não são apenas monstros que sobrevivem à base de sangue, no qual também se banham (daí as referências comuns a Vlad Tepes e Erzsébet Báthory), e que parecem não sentir remorsos em torturar, saindo quase sempre impunes de crimes que cometam. Passaram a ser descritos como sendo sensuais, para sempre jovens, atraindo as suas vítimas com a promessa de grande prazer e até vida eterna. Têm agora conflitos interiores mostrando, tal como outras criaturas do nosso imaginário, a dualidade humana, o confronto entre o bem e o mal inerente a cada um. São monstros que um dia foram humanos e por isso guiados por morais católicas facilmente colocadas que lado ao encontrarem-se fora da sociedade, sentindo-se livres para abraçar deste modo a natureza escondida, reprimida. Não há regras nem inibições. Têm juventude e vida eterna, mas a mente, a percepção do mundo muda e alguns continuam a reter consciência moral da sua vida anterior. Apesar de tudo filosofam, ponderam. A imortalidade deu-lhes um outro ponto de vista sobre as coisas: viram morrer quem amavam, participaram em muita crueldade, mas viram também como os humanos podem ser cruéis, em consequência disso endureceram. Estão sós e cansados do que vêem, do que fazem , procuram de novo a humanidade e a salvação. A vida eterna afinal de contas não será tão doce assim.

Hoje como ontem, retratam o que tememos e ambicionamos. Têm problemas como todos nós e ensinam que talvez o que tanto desejamos não será propriamente tão bom como pensávamos. Venceram o que mais se teme, a morte, mas a que preço? As histórias sobre vampiros giram normalmente sobre temas que são uma constante humana. Entende-se por isso a presença no nosso imaginário e que volta e meia voltem a estar na moda.

Para mais, podem consultar:

4 de setembro de 2010

Sangue Fresco, Contos 4.1, 4.2 e 4.3 [e-book]

Fairy Dust (Sangue Fresco, Conto 4.1) [e-book]

Autor: Charlaine Harris
Género: fantasia urbana
Editora: - | Nº de páginas: -
Nota: 3/5

Opinião: Este é um pequeno conto da autora que apresenta a personagem de Claude, irmão gémeo de Claudine, que por isso partilha a natureza daquela (são ambos fadas), bem como a beleza e o encantamento que produz sobre outros.

Sookie é abordada pelos irmãos para ler as mentes dos humanos com que trabalham de modo a descobrirem quem matou a irmã de ambos, também ela gémea (são por isso trigémeos), de seu nome Claudia. A história sucede-se rapidamente, permitindo a Sookie fazer o que melhor sabe fazer e dando-nos a possibilidade de conhecer melhor as peculiaridades das fadas e o que as afecta.

Não será necessário ler para o desenrolar da história dos livros, mas acho sempre interessante estes apartes para conhecer um pouco mais do universo que o autor nos apresenta.


Dancers in the Dark(Sangue Fresco, Conto 4.2) [e-book]

Autor: Charlaine Harris
Género: fantasia urbana
Editora: - | Nº de páginas: -
Nota: 4/5

Opinião: Este é um conto do universo Sookie Stackhouse mas sem esta personagem. Seguimos antes Rue, cujo verdadeiro nome é Layla, e Sean, vampiro e parceiro de dança daquela. Por ter sido violada e atacada alguns anos antes, chegando a correr risco de vida, Layla mudou assim o seu nome esperando passar despercebida na grande cidade, fugindo a quem a maltratou. No entanto, num dos espectáculos de dança, encontra-se novamente perante o seu atacante e só Sean a poderá ajudar.

Gostei bastante deste conto ainda que a início Sean pareça um stalker à la Edward Cullen. Felizmente melhora com o passar da história e é inegável a química entre ambos. Gostei também do vislumbre que tivemos do passado de cada um, nomeadamente de Sean, que nos conta como se tornou vampiro e como foi tal transformação sozinho, sem ter quem o guiasse. Layla é também uma personagem agradável de seguir ainda que pareça algo ingénua.

Um conto agradável de ler e que nos mostra um pouco mais do mundo de Charlaine Harris, por outros olhos que não os de Sookie.


Dracula Night (Sangue Fresco, Conto 4.3) [e-book]

Autor: Charlaine Harris
Género: fantasia urbana
Editora: - | Nº de páginas: -
Nota: 3/5

Opinião: Mais um pequeno conto agradável de ler, contado por Sookie Stackhouse que é convidada por Eric Northman para ir à festa de aniversário do Conde Drácula, de quem Eric parece ser grande fã. :D Drácula parece ser uma figura elusiva, sendo dado a entender que Eric já se terá esforçado por muitas vezes antes, qual fangirl, a ter o seu ídolo na sua festa. Mas nem tudo corre como o esperado e Sookie vê-se novamente frente a um problema.

Achei este conto bastante engraçado por a autora conseguir integrar o mito de Drácula no seu mundo, quase à semelhança do que havia feito com a personagem Bubba, recorrente nos livros e facilmente identificada com um outro ídolo.

Mais uma vez não será necessário para seguir a história dos livros, mas não deixa de ser curioso para quem gosta da série.

1 de setembro de 2010

Sangue Oculto (Sangue Fresco, Livro 4)

Autor: Charlaine Harris
Género: fantasia urbana
Editora: Saída de Emergência | Nº de páginas: 272
Nota: 4/5

Resumo (do livro): Sookie terminou a sua relação com Bill após considerar que ele a traiu. Um dia, quando sai do trabalho para casa, depara-se com um vampiro nu e desorientado. Rapidamente ela percebe que ele não tem a mínima ideia de quem é nem para onde vai, mas Sookie sabe: ele é Eric e parece tão assustador e sexy – e morto – como no dia em que o conheceu.

Mas agora como Eric está com amnésia, torna-se doce e vulnerável, e necessita da ajuda de Sookie – porque seja quem for que lhe tirou a memória, agora quer tirar-lhe a vida.

A investigação de Sookie leva-a a uma batalha perigosa entre bruxas, vampiros e lobisomens. Mas pode existir um perigo ou ameaça ainda maior - ao coração de Sookie, porque estando Eric mais gentil e mais doce… é muito difícil resistir.


Opinião: Já percebi porque é o livro preferido de tanta gente! O Eric realmente parece bem mais sedutor que todos os outros pretendentes, mas prefiro-o maquiavélico. E eis mais uma incursão no mundo da Charlaine, que não conto acabar tão cedo, já que as coisas parecem começar a aquecer.

Sookie e Bill terminam o seu relacionamento e aquele decide ir para a América do Sul completar o trabalho que a rainha do Louisianna lhe havia dado. Entretanto, Eric aparece amnésico e é Sookie que tem de o proteger de bruxas, que parecem querer tomar não só o negócio do vampiro viking, mas a ele também. Como se isso não bastasse, apesar de ter algumas regalias (*assobia inocentemente*), o seu irmão desaparece sem deixar rasto, pouco depois de negociar a protecção do vampiro. Terão sido as bruxas a raptarem o seu irmão? Haverá algo nas florestas em torno de Bon Temps?

Parece-me que ao longo dos livros vamos notando um crescimento nas personagens, nomeadamente de Sookie, que parece agora agir de forma mais independente e mais ciente do perigo que corre. Vemos que hesita, como qualquer outra pessoa hesitaria, mas toma as suas decisões e age conforme elas, não fugindo a arcar com as consequências dos seus actos. Chora um pouco demais para mim, mas acho que é compreensível dado o seu estado mental... Para além de Sookie, outras personagens vão vendo o seu protagonismo crescer, caso de Eric que foi entrando na vida de Sookie a passo e passo, até este livro onde a relação deles atinge um outro patamar, ainda que ele não estivesse verdadeiramente em si; enquanto outras parecem passar por transformações. Vamos a ver o que sairá daqui.

Este livro também ganha por introduzir novas criaturas. Já tínhamos travado conhecimento com vampiros, metamorfos e lobisomens, aqui temos o “prazer” de conhecer bruxas e wiccans, metamorfos que vivem numa comunidade pequena onde a consanguinidade é uma constante, com marcas claras no grupo, e fadas. Bem, é mais fada, no singular, porque é só uma. Percebemos que influencia as pessoas à sua volta, que não conseguem deixar de se sentir felizes, e tem um poder sobre vampiros, que ficam quase hipnotizados ao vê-la. E o que levanta curiosidade.

Assim sendo, mal posso esperar para ler os restantes. Consultando a Wikipedia, há algumas short stories entre este e o próximo volume, pelo que vou aproveitar e lê-las também, e fico à espera que sejam publicadas por cá.

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