14 de junho de 2010

True Blood/Sangue Fresco (temporadas 1 e 2)

Informação técnica no IMDb.

Criador: Allan Ball
Actores: Anna Paquin, Stephen Moyer, Alexander Skarsgård
Nota: 5/5

Tenho que confessar, algum do meu tempo livre que antes era devotado à leitura tem sido, nos últimos tempos, dedicado ao visionamento das duas temporadas desta série. E UAU! É mais um exemplo de adaptação superior aos livros originais.

Antes de ver a série fiz questão de ler os livros, até porque estavam disponíveis na biblioteca e queria experimentar mais “vampiros literários”, que até agora têm sido um decepção. Estes também não tiveram muito sucesso comigo, apesar de lhe reconhecer méritos, sobretudo na construção da sociedade vampírica. Achei que nos livros a acção desenrolava-se muito depressa, sem dar oportunidade a conhecer bem as personagens e a cimentar relações, tal como me pareceu que partes da história não tinham a atenção devida, sendo abandonadas a meio para depois serem novamente pegadas no final porque a autora parece ter-se lembrado que a história tinha começado de forma diferente. Mas atenção, que esta opinião é baseada na leitura dos dois primeiros volumes (aqui e aqui) pois ainda não tive oportunidade de ler os restantes. Não tenho dúvidas de que as coisas devem melhorar.

As expectativas para a série não eram muito elevadas, apesar de conhecer quem a adorasse, mas rapidamente conquistou-me. A série afasta-se um pouco dos livros, expandindo a história e desenvolvendo-a a bom ritmo, desenvolvendo melhor as personagens e o que as liga. A primeira série tem por base o primeiro livro, onde um serial-killer parece andar a monte, assassinando fangbangers, raparigas conhecidas por andarem com vampiros que recentemente “saíram do caixão”, tornando-se cidadãos de (quase) pleno direito. Sookie (Anna Paquin) conhece Bill (Stephen Moyer) e rapidamente uma relação nasce. No entanto, a coisa não é fácil até porque Bill é um vampiro e como tal tem algumas peculiaridades. Na segunda temporada, tal como no segundo livro, temos duas histórias: uma passada em Dallas e a outra em Bon Temps. E é nesta temporada que se nota uma maior distanciação dos livros.

Em adaptações cinematográficas é normal ter-se que adaptar os livros e por vezes muitas coisas, que até gostaríamos de ver no grande ecrã, ficam de fora. Neste caso acrescentaram mais à história original e ainda bem. A meu ver o enredo ficou muito mais colorido, até porque Alan Ball e os seus escritores escreveram personagens fantásticas como Tara, Lafayette e Jessica, desenvolveram uma parte da história que no livro me pareceu muito mal aproveitada (a parte da ménade, é verdade de que também achei aborrecida na série mas ainda assim gostei mais do que no livro) e bem... tem sangue até dizer chega. E muito sexo. Tal como sempre achei que algo com vampiros devia ter. :D

O balanço é, como se pode adivinhar, muito positivo. A terceira temporada está quase quase a estrear nos E.U.A. e promete ter mais de tudo, mais acção, mais sangue e mais sexo.

6 de junho de 2010

Terra de Neve

Autor: Yasunari Kawabata
Género: romance
Editora: Biblioteca Sábado | Nº de páginas: 179
Nota: 3/5

Resumo (do livro): Shimamura viaja de comboio para um balneário das regiões montanhosas do norte do Japão. Fica cativado por uma voz feminina que ressoa no comboio. A mulher, Yoko, acompanha um homem, Yukio, filho de uma professora de música que vive na vila para onde se dirige Shimamura. Este tem a intenção de se reencontrar ali com uma geisha, Komako, que conheceu numa viagem anterior, quando ela ainda não se dedicava profissionalmente a esses mesteres. Está embelezado com a delicadeza dela, mas resolve ficar unicamente pela amizade, contemplando a possibilidade de futuras visitas. O sugestivo decorrer das estações influirá nestas relações humanas.

Opinião: Não sabia bem o que esperar deste livro mas tendo sido escrito por um Prémio Nobel julguei que me arrebataria de alguma forma, o que não aconteceu. A escrita é sem dúvida belíssima, parece que o autor com as palavras pinta paisagens, retratos, mas infelizmente a história não me cativou. Achei-a algo confusa (provavelmente a altura caótica em que o li também não ajudou) e as personagens pouco apelativas apesar de misteriosas. Parece que não consegui entrar muito bem na história, talvez devido ao contraste de decisões tomadas pelos personagens, que num momento querem uma coisa para depois fazer outra, e que a história não atingiu toda a potencialidade que podia, parecendo até que fica muita coisa por responder.

Este é certamente um livro a reler, numa altura mais calma, já que necessita de alguma atenção que infelizmente nesta leitura não pude dispensar.

4 de junho de 2010

Memórias de Uma Gueixa

Autor: Arthur Golden
Género: romance histórico
Editora: Editorial Presença | Nº de páginas: 496
Nota: 4/5

Resumo (do livro): Sayuri tinha um olhar invulgarmente belo, de um cinzento translúcido, aquático, a reflectir numa miríade de cristais límpidos o brilho prismático e incandescente do universo perfeito e atroz sobre o qual repousava. Era uma transparência súbita, inesperada, a contrastar violentamente com a estranha opacidade branca da máscara onde sobressaíam uns lábios exageradamente vermelhos. E se os olhos ainda reflectiam Chiyo, a menina de nove anos, filha de pescadores, de uma cidade remota, junto ao mar, a máscara inquietantemente delicada, o penteado ostensivo, a sumptuosidade dos quimonos de brocados, ricamente ornamentados, pertenciam à mulher em que ela se tinha tornado, Sayuri, uma das mais célebres gueixas do Japão dos anos 30.

É este mundo anómalo, secreto e decadente, construído sobre cenários de papel de arroz e que parece ser a manifestação da própria fantasia erótica masculina que Golden evoca com uma autenticidade notável e um lirismo requintadamente raro. Um romance sobre o desejo e a natureza indominável do espírito humano; desafiador, cativante pela pureza da prosa, pela prodigalidade das nuances, das atmosferas, das imagens esculpidas com a precisão e subtileza da arte do bonsai.


Memórias de Uma Gueixa é o primeiro romance de Arthur Golden, uma obra admirável que rapidamente se tornou um sucesso internacional.

Opinião: Este foi o primeiro livro a ser lido para o mês temático sobre o Japão e que início! Já andava de olho neste livro desde que saiu o filme, que ainda não tive oportunidade de ver, mas tentei nunca ler críticas de modo a ser surpreendida e surpreendida fui.

Este livro conta a história de Chiyo que se transforma na gueixa Sayuri. Contado na primeira pessoa, a protagonista mostra-nos como saiu da pequena aldeia de pescadores onde vivia e foi para Quioto para aprender a ser gueixa. Aprendemos então como foi a sua adaptação a um local tão diferente, como foi estar longe da família, como foi duro a sua aprendizagem em tal ofício, o que a motivou seguir em frente mesmo perante a adversidade e a inveja de outra gueixa, Hatsumomo, e como encontrou o verdadeiro amor.

Como disse, este livro surpreendeu-me. Gostei bastante da história, achei-a cheia de vida e cor, nem que seja pela descrição dos quimonos. Achei sobretudo curioso como apesar de viverem numa recessão, poucos efeitos dela fossem sentidos no bairro de gueixas, até à participação do Japão na guerra. As personagens, apesar de fictícias, pareceram-me bem reais e muito bem descritas, com mais do que se vê à primeira vista. Foi fácil simpatizar com algumas, odiar outras e desejar por um final feliz. A escrita pareceu-me bastante poética, onde se vê, a meu ver, a influência de autores nipónicos. O único problema foi mesmo com a tradução que a partes parece estranha.

Um belíssimo livro que nos transporta para o interior de uma cultura diferente. Pode não corresponder totalmente à realidade, apesar de tudo o autor é ocidental, mas dá um olhar interessante sobre o Japão tradicional antes da 2ª Guerra Mundial e a transformação após a mesma.

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