13 de março de 2012

"Parasol Protectorate" de Gail Carriger

Autor: Gail Carriger
Ficção | Género: Steampunk
Editora: Orbit | Ano: 2009 a 2012 | Formato: livro | Nº de páginas: várias, afinal de contas são 5 volumes | Língua: inglês

Quando e porque peguei neles: 09/out/2011 a 13/mar/2012. Já era tempo de ler o primeiro volume, que tinha lá em casa, e depois tornou-se um vício, pelo que só descansei quando li todos.


Opinião: Devo dizer que não me recordo onde é que tropecei nestes livros, mas algo levou-me a querer seguir o blog da autora mesmo antes de ler a sua obra. Talvez por a autora ter, de certo modo, construído a sua imagem de modo a parecer-se com a própria protagonista (já agora Gail Carriger é o pseudónimo de Tofa Borregaard que é arqueóloga! *\o/*) ou então por rever nela o meu fascínio por chá e pela época vitoriana. O que é certo é que há muito que a seguia e tinha curiosidade em ler esta série. No entanto, e como expetativas e fascínio podem dar para o torto (Shiver anyone?), tinha medo de acabar com um determinado ideal pelo que ainda demorei a pegar nos livros, sobretudo no primeiro, até não poder resistir mais. O outono steampunk, no ano passado, deu então o empurrão final para entrar no mundo do Protetorado do Para-sol (e como soa tão mal em português!)

O que dizer desta série? Foi pelo riso que esta série me conquistou mas foi pelo mistério que me prendeu. Achei o primeiro volume, Soulless, hilariante e apesar de os restantes terem também algum humor, as piadas repetem-se e, por isso, rapidamente perdem a graça. Mas no primeiro achei que a escrita da autora, os comentários sarcásticos das personagens, bem como algumas das situações em que as mesmas se vêm a encontrar, estavam bem conseguidas, de tal forma que suscitaram muitas gargalhadas como penso que não tinha gargalhado o ano passado. Chegou mesmo a fazer-me recordar a escrita de Julia Quinn, que também me consegue pôr a rir e presa às páginas com as suas histórias. Mas as semelhanças não se limitam à escrita, pois apesar de ser categorizado como horror, Soulless é na verdade mais romance que outra coisa, ainda que com elementos paranormais, um pouco de steampunk (confirmando a ideia de que é estética, tendo algum impacto no desenvolvimento dos enredos mas sem ser a parte mais importante do mesmo) e mistério para apimentar o enredo. Nos volumes seguintes, o mistério é a parte mais predominante, sobrepondo-se ao romance, e consegue ser tão absorvente que transforma estes livros em verdadeiros page-turners e é difícil colocá-los de lado!

Mas voltando a Soulless... Este livro abre então com Alexia Tarabotti, a nossa protagonista, moça de 26 anos fadada a ficar na prateleira, a ser atacada por um vampiro sem terem sido apresentados. A afronta de tal criatura, sem respeitar as leis de uma sociedade vitoriana! Para se proteger, se bem que Alexia nem tenha grande problema com tal, afinal de contas não tem alma e consegue por isso anular os poderes de criaturas sobrenaturais, acaba por inadvertidamente matar o vampiro, dando então início a uma série de peripécias que se desenrolam ao longo de 5 livros.

Gostei da criação deste mundo, onde as criaturas sobrenaturais têm um excesso de alma e para contrabalançar existem preternaturais, que não têm alma e anulam então os poderes dos primeiros. A nossa protagonista, não só devido à sua condição mas por ter entre os seus conhecimentos lobisomens, vampiros e se cruzar com fantasmas, permite-nos então uma incursão por esses mundos e perceber como se relacionam com a sociedade humana, já que (e um pouco à semelhança de Sangue Fresco) aquelas criaturas saíram dos caixões (ou de onde quer que estivessem escondidos) e passaram a fazer parte integrante da sociedade, algures no Renascimento, tendo mesmo contribuído, numa espécie de história alternativa, para a criação do império britânico pois os monarcas (desde Isabel I até à rainha Vitória) não dispensam a consulta dos seus conselheiros vampiro e lobisomem para governarem.

Enquanto Soulless serve de introdução, deixando no ar algumas questões e dando o mote para esta série, os volumes seguintes permitem o desenvolvimento e um melhor conhecimento deste mundo, assim como das personagens que aqui se movem. Em Changeless, por exemplo, ficamos a conhecer o passado de Lord Maccon e de como veio a tornar-se no alfa do clã Woolsey, enquanto Alexia tenta perceber o que anda a sugar o poder das criaturas sobrenaturais. Este livro acaba num cliffhanger que abre o apetite para o terceiro livro. Blameless, no entanto, teve um trago algo amargo pois apesar da constante ação, Alexia tem praticamente a sua cabeça a prémio e tem de evitar várias tentativas de assassinato, o enredo parece avançar muito pouco, suscitando mais questões do que respondendo. Muitas dessas questões encontram-se ligadas ao seu pai e a uma criatura quase mística (dizer mais seria enveredar por spoilers), mas tudo isto faz com que o leitor pegue então em Heartless. Neste volume, enquanto procura evitar uma tentativa de assassinato contra a rainha, Alexia descobre um pouco mais sobre o pai e sobre o passado de outros membros do clã Woolsey. Tal como no livro anterior, achei a história deste bastante previsível (o twist em Heartless acabou por não ser twist nenhum, pelo contrário fez-me revirar os olhos e dizer “só agora? A sério?! Só chegaste agora a essa conclusão?”) mas destaco o desenvolvimento das relações entre vampiros e lobisomens, dando-se mesmo uma alteração de forças na política londrina.

Apesar de algo desanimada com os últimos dois livros, a verdade é que não consegui colocá-los de lado e esperei ansiosamente por Timeless, quinto e último volume. Até fui a correr fazer a pre-order e não é coisa que tenha tendência a fazer, mas lá saiu este ano e veio parar rapidamente a minha casa. \o/

Desta feita, Alexia e o spoiler que não deve ser revelado dirigem-se ao Egipto, onde se encontram então as respostas às perguntas que atormentam o leitor: o que é a God-Breaker Plague, o que raio andou o pai de Alexia a fazer, que segredos esconde Floote. Resta dizer que apesar de, mais uma vez, ser previsível, há no entanto alguns acontecimentos que me deixaram de boca aberta e ansiosa por ler mais, para saber o que o futuro acabou por reservar a algumas personagens. É por isso uma pena este ser o último livro desta série, mas parece que a autora está a trabalhar numa spin-off e eu cá fico a aguardá-la, em pulgas.

Resumindo, para além do humor, estes livros têm então um mundo, onde lobisomens e vampiros regem a política e as modas, muito bem construído, coeso, com desenvolvimentos interessantes e com uma dinâmica social bastante própria. As personagens também são interessantes de seguir, algumas chegam mesmo a surpreender, e os mistérios mantêm o leitor preso à história. Talvez não tanto os mistérios abordados em cada livro, pois como disse acabam por ser previsíveis, mas os que ligam os vários volumes, ou pelo menos eram eles que me mantinham presa à história e a desejar ler rapidamente as continuações.

Esta foi uma das séries que mais me surpreendeu nos últimos tempos e só a posso aconselhar.

Veredito: Vale o dinheiro gasto. Está mesmo a um bocadinho assim *imita o Danoninho* de Para ter na estante, mas é uma série para reler, sempre que me sentir em abaixo porque o humor é delicioso e a história faz-me esquecer o que me rodeia. :)

4 comentários:

nel disse...

Estou há imenso tempo para começar esta saga, acho que é agora ;)

WhiteLady3 disse...

Eu só posso recomendar. Achei que esta série tinha sido escrita exatamente para mim! Tem tudo aquilo que gosto de ver num livro. :D

p7 disse...

Gostei bastante do primeiro livro, mas pelo teu comentário à série acho que vou espaçar a leitura entre volumes, para não me "cansar" dos livros. :)

WhiteLady3 disse...

O único mal que lhe aponto por ter lido os primeiros 4 volumes de seguida foi que as piadas deixaram de ter tanta graça, pois em si não me cansei dos livros, achei foi o enredo em partes previsível. Mas lendo logo todos de seguida ou não, aconselho. Esta série é tão gira. :D

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