Género: ficção científica
Editora: Saída de Emergência | Nº de páginas: 284
Nota: 4/5
Resumo (do livro): O que faria se tivesse um vislumbre trágico do seu próprio futuro? Tentaria mudar as coisas, ou aceitaria que o futuro é imutável?
Em Flashforward, é iniciada uma experiência científica que conduz ao inesperado: o mundo inteiro cai inconsciente por instantes e todas as mentes são projectadas vinte anos no futuro. Quando a humanidade desperta, o caos impera por todo o lado: carros arruinados, cirurgias falhadas, quedas, destruição em massa e um elevado número de mortes.
Mas esse é apenas o início. Passado o choque das visões, cada indivíduo tenta desesperadamente evitar ou assegurar o seu próprio futuro vislumbrado… Expondo as perspectivas de várias personagens, Robert J. Sawyer realiza uma brilhante reflexão filosófica sobre viagens no tempo, consciência, destino e o que significa ser humano.
Opinião: Desde o Verão, em que vi ser anunciada a série, que fiquei curiosa quanto ao livro. Infelizmente não me tem sido possível seguir a série, que volta ao ar hoje dia 25 de Março, já que cá por casa impera a lei da posse do comando e raramente sou eu que o tenho. Por isso foi com grande satisfação que o vi ser publicado pela SdE, ainda que com o Joseph Fiennes na capa, actor de que não sou particularmente fã. :P
Ainda que diferente da série, pelo que me foi dado a conhecer, o livro começa igualmente com um desmaio global em que todos os habitantes do planeta, durante quase 2 minutos, têm um vislumbre da sua vida daí a cerca de 21 anos. Quer dizer, todos não já que Theo Procopides, um dos protagonistas, não vê nada… já que daí a 21 anos estará morto. Quer isto dizer que o futuro está escrito? Não teremos livre-arbítrio? É sobretudo em torno destas questões que gira o livro, apresentando-nos algumas teorias interessantes que já conhecia, como a do Gato de Shrödinger, e outras que não fazia ideia existirem, caso do Universo em Bloco ou o Cubo de Minkowski.
No que toca a personagens, estas são muito básicas, estereotipadas, mas perfeitas para este tipo de livro. Foi fácil relacionar-me com elas, ainda que tenha achado Simcoe algo arrogante. Gostei de ver alguns acontecimentos futuros, como o final da monarquia em Inglaterra, e achei curioso a acção passar-se em 2009 quando o livro foi escrito em 1999, sobretudo porque foi em 2008/2009 que o LHC do CERN começou a trabalhar (recordo-me do meu irmão dizer que vinha aí um novo Big Bang… mas felizmente nada aconteceu :P ). E por fim, apesar de ter sido um pouco difícil adaptar-me à grafia do novo Acordo Ortográfico tal como aconteceu a Slayra, tenho de salientar a escrita fluida e bastante acessível do autor (e o trabalho da tradutora), mesmo no que toca à Física por detrás do flashforward. Reconheço-me ignorante no que à Física diz respeito e temia que isso dificultasse a minha leitura, mas tal não aconteceu sendo todos os assuntos, como o Bosão de Higgs, explicados de forma bastante simples e fácil de compreender. A parte filosófica também é fácil de acompanhar, até porque penso que já todos nós, num momento ou noutro, tivemos as mesmas dúvidas. Foi uma surpresa ver a teoria que também defendo explicada no livro, já que muitas vezes não me consigo expressar de forma conveniente e agora posso apontar estas passagens do livro.
– Recorda-me a história de Um Conto de Natal, do autor inglês Charles Dickens. A personagem Ebenezer Scrooge teve uma visão do Natal Que Está Para Vir, na qual os seus atos tinham resultado em desgraça para muitas outras pessoas, e em si próprio sendo odiado e desprezado na morte. Claro que ter uma visão destas seria uma coisa terrível – se fosse a visão de um único futuro real e imutável. Porém disseram a Scrooge que não, o futuro que ele vira era apenas a extrapolação lógica da sua vida, caso ele continuasse a viver daquela maneira. Poderia mudar a sua vida, e as vidas dos que o rodeavam, para melhor; aquele vislumbre do futuro revelara-se uma coisa maravilhosa.Claro que nem todos podemos ver o futuro, mas dá para termos mais ou menos uma noção do que nos vai acontecer amanhã se tomarmos as escolhas que normalmente tomamos. Daí que fazer algo de extraordinário, seja porque decidimos fazer alguma coisa fora do comum ou porque algo incomum nos acontece (afinal a liberdade de cada um acaba quando começa a do outro e há muitos acontecimentos que estão fora do nosso controlo), seja de certa forma mudar o futuro. Eu tenho a noção de que se não tivesse feito algumas escolhas, de momento talvez não me encontrasse na situação que estou hoje…
Mas voltando ao livro, confesso-me algo desiludida com a parte final mas para uma segunda incursão na ficção científica, desta vez adulta e não orientada para público jovem-adulto como aconteceu com Scott Westerfeld, foi também bastante satisfatória e fiquei sedenta por mais livros deste género. Fiquei sobretudo interessada numa série deste autor denominada Neanderthal Parallax (vá-se lá saber porquê *assobia casualmente*), pelo que se souberem mais alguma coisa desta série ou de outros livros do género, estou aberta a sugestões.