25 de julho de 2014

Graceling: o dom de Katsa (Graceling Realm, #1)

Autor: Kristin Cashore
Ficção | Género: fantasia
Editora: Alfaguara | Ano: 2010 (originalmente publicado em 2008) | Formato: livro | Nº de páginas: 435 | Língua: português

Quando e porque peguei nele: de 25 de junho a 3 de julho. Ele andava a piscar-me o olho, salvo seja. Estava constantemente a olhar para ele na estante e achei que seria agora ou nunca.


Opinião: Tinha tanta expetativa para este livro. Não que tenha lido muitas críticas mas a maior parte do que tinha lido era-lhe favorável, a sinopse era bastante apelativa, e por isso achei que seria um regresso em grande ao género fantástico. Mas não foi. E não é por achar que seja mau ou horrível, é mais uma sensação de que se o tivesse lido há uns anos atrás teria gostado mais, mas com tudo o que já li de fantástico, o que até não acho que seja muito, acabou por ser uma leitura muito mediana.

Para começar, a protagonista é algo jovem logo irritante. Tem cerca de 18 anos mas comporta-se de maneira ainda muito adolescente de 14, ou algo assim, aquela idade em que andam a querer dar porrada sobretudo para mostrar que gostam de um rapaz. Não que seja o que acontece aqui mas era a imagem que eu tinha. Ela anda sempre com vontade de andar porrada às pessoas, e eu até entendo porque também sinto que era capaz de dar um valente par de estalos a muita gente que se atravessa no meu caminho acaba por ser um aspeto importante da sua vida, molda-a como personagem, mas a certa altura só lhe queria gritar que há mais no mundo do que lutas! E que fizesse algo mais construtivo que não fosse tratar de tudo com violência, esfregar na cara dos restantes que lá porque tem o dom de matar assim *estala os dedos* não precisa de o fazer. O giro seria mostrar como todo o mundo estava enganado sobre ela...

E depois há o Po. :/ Não fiquei fascinada como outras leitoras porque o moço é um pouco para o masoquista, não? Quer dizer, ele luta com a Katsa sabendo que vai levar uma boa ensaboadela e não se importa? Ele gosta de levar porrada não é? Cheguei a imaginar os treinos do género "oh sim Katsa, bate-me, com mais força, magoa-me como só tu me consegues magoar, faz o meu sangue fluir, parte-me a cana do nariz! Oh sim! *inserir anúncio do Herbal Essences*" (eu sei, a minha mente imagina cenas muito estranhas).

Além das personagens, a história pareceu-me algo parada, sem que isso ajudasse à caracterização das personagens (sim, queixei-me da constante ação do anterior, agora este é demasiado parado, não sou fácil de agradar) ou à evolução da trama, pois só vamos sabendo umas coisas aqui e ali o que não ajudou a sentir qualquer suspense ou tensão. A maior parte do tempo é passado com eles a andarem de um lado para o outro, a Katsa chateada por alguma coisa ou outra, a lutar para se sentir melhor, e pouco há de desenvolvimento até que chega o terço final do livro... e acaba. Cheguei mesmo a fechar o livro e a dizer "mas foi isto?" É tudo tão anticlimático! É tudo resolvido rapidamente, sobretudo o confronto com o "terrível e temível" vilão, que teve pouco ou nenhum tempo de antena. Não chega a um "vim, vi, fui vencido" foi mais um "... fui vencido". :/

Entendo que este livro talvez seja dirigido a um público no qual já não me enquadro mas não consigo deixar de pensar que, em vez de tanto andarem de um lado para o outro, a autora podia ter optado por perder páginas com alguma intriga política. Supostamente isto é uma saga sobre 7 reinos, na tradução portuguesa, ou sobre o reino dos Gracelings, no original, mas pouco acabamos por saber dos seus poderes para além de que são variados e que os Gracelings têm um olho de cada cor. Os poderes acabaram por parecer mais um justificativo para qualquer caso de Deus Ex-Machina de que a autora se lembrasse de atirar para a história (está frio e neve, ninguém naquelas condições conseguiria acender um lume mas a Katsa faz fogo porque o seu poder lhe permite isso!!!) de modo a desenrascar as personagens, só porque sim.

Ficou (muito) aquém do que esperava e é uma pena, pois sinto que o mundo poderia ser melhor explorado, a história poderia ter sido mais interessante, e o poder do vilão ter tido mais destaque e ser realmente o foco da história.

Veredito: Com tanto livro e tive de pegar neste. 

Sem comentários:

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