É verdade, estas criaturas estão agora na moda no que toca a livros mas o seu fascínio vem de muito antes. Pela minha parte, parece que sempre vivi rodeada por vampiros. Lembro-me de aprender a contar com a Rua Sésamo e o Conde de Contarrr, de ver o desenho animado Conde Pátula (este sim um vampiro vegetariano) e a novela Vamp, e de ainda em pequena ter visto cenas do Nosferatu. Também vi alguns episódios das séries Buffy e Angel, mas nunca foram séries que apreciasse verdadeiramente. Mas penso que foi com os filmes Drácula de Bram Stoker e Entrevista com o Vampiro que me apercebi do carácter mais sexual, e talvez o factor mais apelativo, destas criaturas, culminando agora na série True Blood, que sigo quase religiosamente.
No que toca a livros, penso que só nos últimos anos dois ou três comecei a ler livros com tais criaturas como personagens principais ou com bastante destaque. Confesso não ter ficado muito entusiasmada, sobretudo com o livro de Bram Stoker, mas gostei de ver a variedade de vampiros e seus atributos (ainda que alguns me fizessem revirar os olhos e sim, estou a falar dos vampiros "vegetarianos", que se alimentam de carne, e que brilham à luz do sol como se fossem bolas de disco, da Stephenie Meyer). Até agora apreciei bastante o livro A Estirpe e a série Sangue Fresco, que apesar de um começo mais ou menos, tem-se tornado bastante mais interessante, sobretudo no que toca à organização da sociedade vampírica e por nos mostrar como seria caso os vampiros fossem aceites na nossa sociedade, tornando-se cidadãos de pleno direito. Porquê o meu desapontamento com outros? Porque simplesmente não conseguem corresponder à ideia que eu tinha dos vampiros, e por isso são pouco apelativos, ou surpreender-me como os dois últimos que mencionei.
Apesar de no folclore serem criaturas repelentes e horripilantes, afinal de contas tratam-se de mortos-vivos, começaram por aparecer retratando na ficção, com Bram Stocker, o medo que a sociedade vitoriana tinha de doenças, que se propagavam de forma alarmante na época, e de estrangeiros, que chegavam a Inglaterra em números consideráveis, mas também os desejos reprimidos por uma sociedade com fortes valores morais, nomeadamente no que toca ao sexo, sendo que para eles não há qualquer inibição, satisfazendo-se com homens e/ou mulheres.
Hoje em dia não reflectem tanto os medos, ainda que nos anos 80 e 90 com a SIDA os vampiros tenham conhecido novo auge, mas continuam a reflectir esses desejos. Já não são apenas monstros que sobrevivem à base de sangue, no qual também se banham (daí as referências comuns a Vlad Tepes e Erzsébet Báthory), e que parecem não sentir remorsos em torturar, saindo quase sempre impunes de crimes que cometam. Passaram a ser descritos como sendo sensuais, para sempre jovens, atraindo as suas vítimas com a promessa de grande prazer e até vida eterna. Têm agora conflitos interiores mostrando, tal como outras criaturas do nosso imaginário, a dualidade humana, o confronto entre o bem e o mal inerente a cada um. São monstros que um dia foram humanos e por isso guiados por morais católicas facilmente colocadas que lado ao encontrarem-se fora da sociedade, sentindo-se livres para abraçar deste modo a natureza escondida, reprimida. Não há regras nem inibições. Têm juventude e vida eterna, mas a mente, a percepção do mundo muda e alguns continuam a reter consciência moral da sua vida anterior. Apesar de tudo filosofam, ponderam. A imortalidade deu-lhes um outro ponto de vista sobre as coisas: viram morrer quem amavam, participaram em muita crueldade, mas viram também como os humanos podem ser cruéis, em consequência disso endureceram. Estão sós e cansados do que vêem, do que fazem , procuram de novo a humanidade e a salvação. A vida eterna afinal de contas não será tão doce assim.
Hoje como ontem, retratam o que tememos e ambicionamos. Têm problemas como todos nós e ensinam que talvez o que tanto desejamos não será propriamente tão bom como pensávamos. Venceram o que mais se teme, a morte, mas a que preço? As histórias sobre vampiros giram normalmente sobre temas que são uma constante humana. Entende-se por isso a presença no nosso imaginário e que volta e meia voltem a estar na moda.
Para mais, podem consultar:
No que toca a livros, penso que só nos últimos anos dois ou três comecei a ler livros com tais criaturas como personagens principais ou com bastante destaque. Confesso não ter ficado muito entusiasmada, sobretudo com o livro de Bram Stoker, mas gostei de ver a variedade de vampiros e seus atributos (ainda que alguns me fizessem revirar os olhos e sim, estou a falar dos vampiros "vegetarianos", que se alimentam de carne, e que brilham à luz do sol como se fossem bolas de disco, da Stephenie Meyer). Até agora apreciei bastante o livro A Estirpe e a série Sangue Fresco, que apesar de um começo mais ou menos, tem-se tornado bastante mais interessante, sobretudo no que toca à organização da sociedade vampírica e por nos mostrar como seria caso os vampiros fossem aceites na nossa sociedade, tornando-se cidadãos de pleno direito. Porquê o meu desapontamento com outros? Porque simplesmente não conseguem corresponder à ideia que eu tinha dos vampiros, e por isso são pouco apelativos, ou surpreender-me como os dois últimos que mencionei.
Apesar de no folclore serem criaturas repelentes e horripilantes, afinal de contas tratam-se de mortos-vivos, começaram por aparecer retratando na ficção, com Bram Stocker, o medo que a sociedade vitoriana tinha de doenças, que se propagavam de forma alarmante na época, e de estrangeiros, que chegavam a Inglaterra em números consideráveis, mas também os desejos reprimidos por uma sociedade com fortes valores morais, nomeadamente no que toca ao sexo, sendo que para eles não há qualquer inibição, satisfazendo-se com homens e/ou mulheres.
Hoje em dia não reflectem tanto os medos, ainda que nos anos 80 e 90 com a SIDA os vampiros tenham conhecido novo auge, mas continuam a reflectir esses desejos. Já não são apenas monstros que sobrevivem à base de sangue, no qual também se banham (daí as referências comuns a Vlad Tepes e Erzsébet Báthory), e que parecem não sentir remorsos em torturar, saindo quase sempre impunes de crimes que cometam. Passaram a ser descritos como sendo sensuais, para sempre jovens, atraindo as suas vítimas com a promessa de grande prazer e até vida eterna. Têm agora conflitos interiores mostrando, tal como outras criaturas do nosso imaginário, a dualidade humana, o confronto entre o bem e o mal inerente a cada um. São monstros que um dia foram humanos e por isso guiados por morais católicas facilmente colocadas que lado ao encontrarem-se fora da sociedade, sentindo-se livres para abraçar deste modo a natureza escondida, reprimida. Não há regras nem inibições. Têm juventude e vida eterna, mas a mente, a percepção do mundo muda e alguns continuam a reter consciência moral da sua vida anterior. Apesar de tudo filosofam, ponderam. A imortalidade deu-lhes um outro ponto de vista sobre as coisas: viram morrer quem amavam, participaram em muita crueldade, mas viram também como os humanos podem ser cruéis, em consequência disso endureceram. Estão sós e cansados do que vêem, do que fazem , procuram de novo a humanidade e a salvação. A vida eterna afinal de contas não será tão doce assim.
Hoje como ontem, retratam o que tememos e ambicionamos. Têm problemas como todos nós e ensinam que talvez o que tanto desejamos não será propriamente tão bom como pensávamos. Venceram o que mais se teme, a morte, mas a que preço? As histórias sobre vampiros giram normalmente sobre temas que são uma constante humana. Entende-se por isso a presença no nosso imaginário e que volta e meia voltem a estar na moda.
Para mais, podem consultar:
10 comentários:
Excelente post, leva-me a concordar em muito contigo.
Bem me recordo das BD’s do Conde Pátula e da Rua Sésamo, mas o tempo avança e nós com ele… Por vezes lamento toda a divulgação que é feita em torno dos vampiros pois acabou por lhes retirar um pouco do encanto/horror que povoava a nossa imaginação, mas penso que em breve chegará a ponto de saturação e o que virá em seguida?
**
Adorei este post! Reflete tal e qual a minha opinião!
Não podia concordar mais!
Obrigada. *blushes* Isto é que tenho conseguido apurar do que vou lendo e parece que a moda ainda está um pouco longe de saturar. Entretanto parece que veio a moda dos anjos, mas para dizer a verdade ainda não li grande coisa sobre eles. :/ Quanto ao terem retirado o horror dos vampiros, é isso que adorei no livro A Estirpe, não são propriamente os vampiros a que estamos habituados (ou pelo menos eu não estava habituada), mas arrepiou-me como muitos não o fizeram.
Eu ainda não tive o prazer de ler A Estirpe mas já está na lista de futuras aquisições, tenho a certeza que irei gostar bastante.
Já li um pouco sobre anjos, e sou sincera, fascina-me todas as histórias que giram em torno de Nefilins “anjos caídos do céu”… veremos o que a literatura fantástica nos irá trazer em 2011 sobre estes seres para mim maravilhosos.
Eu já nem me lembrava do Conde Pátula, mas adorava ver isso.
Concordo com grande parte do que dizes, mas confesso que não sou fã do True Blood que chega a ser exagerado. (vejo mas não amo)
Realmente, e agora que falas nisso, desde pequenos que o nosso imaginário vive povoado de tais criaturas míticas. No entanto, a minha "paixão" por vampiros começa algures entre os meus 12 anos com a compra de livros da Anne Rice. Bastou-me ler um para ficar viciada (tenho-os todos que ela editou até hoje) e depois tenho aquele clássico que adoro e tu nem por isso, o "Drácula" de Bram Stoker.
Confesso que estas versões "modernas" de vampiros não me chamam por aí a atenção e que não sou nada fã da Stephenie Meyer nem assim por aí além do True Blood (já gostei mais do que presentemente gosto). Resumindo, gosto dos meus vampiros cheios de conflitos interiores e que não brilhem ao sol ou bebam bebidas "esquisitas" LOLOL
O "Nosferatu" também é produto do medo dos ratos que traziam doenças na época :)
Elphaba, por acaso o livro que estou a ler agora, O Dardo de Kushiel, tem alguns anjos mas que não têm grande protagonismo, fazem parte da mitologia do mundo de Terre d'Ange. Mas a curiosidade em ler ficção com anjos não é muita, preferia e tenho muito mais curiosidade em ler sobre o seu papel na religião judaico-cristã.
Ana, acho que parte do encanto de TB é ser exagerado, sobretudo no que toca a tripas pelo ar. Adoro ver tripas pelo ar. E acho que os actores estão a fazer um trabalho fantástico, para além de terem imensas falas que se podem citar.
Mónica, ainda tenho de experimentar ler Anne Rice. Ao tempo que ando a adiar... Este ano não digo, mas a ver se para o próximo leio finalmente os livros dela.
Adeselna, do "Nosferatu" só vi mesmo imagens quando era pequena, não me lembro de ter visto o filme todo mas esse facto não deixa de ser interessante.
Vou ficar curiosa a espera do teu comentário sobre o Dardo de Kushiel, uma leitura sem dúvida muito interessante =)
Estou a gostar bastante e já tenho o segundo volume para ler assim que acabar este. :D
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