9 de dezembro de 2013

The Handmaid's Tale, The Book Thief, Persépolis

Sem dúvida de que os livros que mais nos desafiam são os mais difíceis sobre os quais escrever. Como fazer jus a tal livro? Como falar sobre as questões que nos colocou? Como nos levou a pensar em assuntos que jamais nos lembraríamos, sobretudo porque tomamos tanta coisa como certa no nosso dia-a-dia? Mas são estes os livros que por isso mesmo se tornam clássicos e intemporais. Se acredito que os três acabem por ser clássicos, talvez não mas têm tudo para o ser. 

Queria escrever algo sobre a estes três livros mas percebi que é impossível referir-me a todos individualmente quando se debruçam quase todos sobre a mesma coisa: liberdade. Se no primeiro tal coisa é notório, afinal Offred vive presa numa sociedade fortemente hierarquizada, desprovida de tudo o que a faz uma pessoa única para "seu próprio bem", e tal é feito praticamente com a sua conivência, com a sua incapacidade de se rebelar contra o que estava a acontecer porque vários factores que possibilitam essa liberdade foram-se erodindo (dinheiro, identidade...), nos outros dois é mais difícil de ver mas está lá, em Max no caso de The Book Thief e na história do século XX do Irão. Perante estes dois últimos livros percebi que o cenário do primeiro pode não estar assim tão longe, pois a Humanidade não parece querer aprender com os erros do passado e por isso a História tem tendência a repetir-se.

A boa retórica consegue dar a volta à cabeça das pessoas. Seja a convencê-las de que tudo é por um bem comum e universal maior que todos nós, ou de que um grupo de pessoas é a causa de todos os males e que o ir para uma guerra devastadora é a maneira certa para agir. Felizmente o bom uso de palavras também pode ser usado para nos contar as monstruosidades que aconteceram e mostrar futuros que podem (ou mesmo devem) ser evitados. Seja através de uma distopia escrita como que em stream of consciousness, através dos olhos da Morte ou do relato uma criança ingénua que cresce no meio de uma revolução cultural, podem mostrar o que de bom há na Humanidade e como evitar atropelos aos mais variados direitos do Homem. Basicamente ensinam, pedem mesmo que pensemos por nós próprios ao desafiarem-nos.

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