18 de junho de 2012

Hamlet [e-book]

Autor: William Shakespeare
Ficção | Género: peça de teatro - tragédia
Editora: Project Gutenberg | Ano: originalmente publicado em 1603(?) | Formato: e-book | Nº de páginas: - | Língua: inglês

Como me veio parar às mãos: tenho uma edição em português, que conta com outras duas peças do autor e que faz parte de uma coleção belíssima que a minha avó ia para deitar fora (oh o crime!), no entanto após um breve passar de olhos pelo texto, achei que seria melhor fazer download das obras completas no site do Project Gutenberg. A formatação para o Kindle não é nada de jeito mas tem o texto, é o que me interessa.

Quando e porque peguei nele: 7 a 13/junho/2012. Conta para os desafios: The Back to the Classics Challenge - peça clássica, Temporada William Shakespeare.


Opinião: Foi então com esta peça que resolvi começar esta temporada. Devo confessar que tinha algum receio de pegar neste autor sobretudo na língua original mas rapidamente descobri que ler em voz alta dramatizando os vários papéis ajudava à compreensão do texto (sim, era verem-me a declamar “O, woe is me/T’have seen what I have seen, see what I see!” no quarto como se de um palco se tratasse e não, eu não nasci para representar). Além disso, ao ler no Kindle era com alguma facilidade que consultava a definição de uma ou outra palavra obscura, se bem que nem sempre houvesse uma entrada para outras, e dispor de uma versão em português, a que recorria para confirmar se o que tinha percebido era o que o texto mais ou menos dava a entender, também ajudou. Optei por não ler a tradução porque pareceu-me que muito se perdia e realmente a escrita de Shakespeare é algo que deve ser admirado.

Como disse, foi com Hamlet que resolvi começar a temporada Shakesperiana pois afinal quem não conhece a tão famosa “To be, or not to be- that is the question”? É, muito provavelmente, a citação mais conhecida do autor e a peça uma das mais adaptadas, se não estou em erro.

Esta é uma história de vingança e, tal como em O Conde de Monte Cristo, está claro que as coisas não podiam correr bem e acabam por sofrer também aqueles que nada tinham a ver com o assunto. Após ser visitado pelo fantasma de seu pai, Hamlet enceta uma vingança contra seu tio, o agora rei da Dinamarca e esposo da viúva de seu irmão (OMD o drama!). Hamlet faz-se então de louco por modo a esconder os seus intentos mas Cláudio suspeita pois “Madness in great ones must not unwatch’d go”. Consegue, no entanto, enganar Polónio e Ofélia, a sua suposta amada e digo suposta porque me custou acreditar que ele realmente a amasse (tal como Laertes avisa Ofélia logo a início) não só porque lhe mente mas porque a faz sentir-se culpada. Ele até parece sofrer mais com a morte do pai (“But I have than within which passeth show-/These but the trappings and the suits of woe”) do que com a de Ofélia, apenas se atirando para a cova porque Laertes o faz. Se calhar ele até a ama bastante (“Doubt thou the stars are fire;/Doubt that the sun doth move;/Doubt true to be a liar;/But never doubt I love”) mas não foi a ideia com que fiquei.

Mas mais do que a história, esta peça vive das palavras (e OMD como é tão linda) e dos temas que aborda.

Como a Diana disse, o Hamlet fala muito e não faz nada (hoje em dia penso que seria emo xD ) e realmente isto é verdade tanto no que toca a tentar matar o seu tio, em que ele praticamente arranja uma desculpa para não o fazer, e ao suicídio tal como no solilóquio que começa então com a tão famosa citação e em que demonstra que ele é basicamente um choninhas (“Thus conscience does make cowards of us all,/And thus the native hue of resolution/is sicklied o’er with the pale cast of thought,/And enterprises of great pith and moment/ With this regard their currents turn awry/And lose the name of action”), com medo do que pode vir depois da morte. Ainda no que toca a suicídio, de notar o enterro de Ofélia sem direito a todos os ritos fúnebres devido à incerteza da sua morte, a sua mente não estava bem, e que suscita um diálogo curioso sobre a diferença entre a morte e o suicídio.

Também adorei a confissão, por assim dizer, de Cláudio com a culpa a pesar-lhe sentindo que é necessário mais que palavras para se sentir limpo. A absolvição terá que vir de dentro, as palavras têm de ter um verdadeiro sentimento de contrição por trás (“My words fly up, my thoughts remain below./Words without thoughts never to heaven go”), mas como pode ele arrepender-se se tem na cabeça a coroa e tem por esposa a viúva daquele que assassinou? (“May one be pardon’d and retain th’offence?”)

Devido aos temas abordados e à riqueza da linguagem, só posso aconselhar a peça. É algo que não se deve ler de ânimo leve mas penso que enriquece uma pessoa. É fácil perceber porque ainda hoje tantas adaptações e representações se fazem desta peça. É fácil relacionarmos, talvez não com as personagens, mas com o que sentem, o que pensam, o que temem.

Fiquei fã de Shakespeare.

Veredito: Para ter na estante. Tenho o e-book, tenho a tradução, mas quero ter uma edição física da peça no original. Tenho de ver se encontro alguma que expanda em que contexto surgiu e que discussões suscita, pois esta é uma história que muito tem a dar e quero ver outras opiniões, outras interpretações.

Há de seguir-se: O Beijo da Meia Noite (Raça da Noite, Livro 1) de Lara Adrian

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