16 de abril de 2012

O Nome da Rosa

Autor: Umberto Eco
Ficção | Género: Mistério
Editora: Difel | Ano: 2005 (originalmente publicado em 1980) | Formato: livro | Nº de páginas: 502 | Língua: português

Como me veio parar às mãos: Havia comprado uma edição mais antiga numa feira do livro na minha faculdade e pouco depois ofereceram-me esta edição. Dei o outro a alguém que espero goste do livro.

Quando e porque peguei nele: 6/abr/2012 a 15/abr/2012. Deu-me na cabeça, fui à estante, peguei nele e comecei a ler. Conta para os desafios: Mount TBR Challenge, Book Bingo - Mistério, The Back to the Classics Challenge - clássico do séc. XX


Citações: 
- Para que haja espelho do mundo é preciso que o mundo tenha uma forma - concluiu Guilherme, que era demasiado filosófico para a minha mente adolescente.
Até então tinha pensado que cada livro falava das coisas, humanas ou divinas, que estão fora dos livros. Agora apercebia-me que, não raro, os livros falam dos livros, ou melhor, é como se falassem entre si. À luz desta reflexão, a biblioteca pareceu-me ainda mais inquietante. Era portanto o lugar de um longo e secular sussurro, de um diálogo imperceptível entre pergaminhos e pergaminhos, uma coisa viva, um receptáculo de poderes que uma mente humana não podia dominar, tesouro de segredos emanados de tantas mentes e sobrevivendo à morte daqueles que os tinham produzido ou deles se tinham feito mensageiros

Opinião: Que livro! Tenho de confessar que tinha receio em pegar-lhe pois se havia amado o filme (vi-o quando andava no secundário, numa aula de português e fiquei desde logo fascinada) e lia boas críticas, também havia lido críticas menos boas. Mas o melhor é mesmo julgarmos um livro por nós mesmos e apesar dos receios, lá procurei embrenhar-me na história.

Há livros que me fazem sentir estúpida ou que partem do princípio que sou estúpida mas este, apesar dos vários temas abordados, não me fez sentir assim. Senti, no entanto, uma enorme falta de bagagem cultural e histórica. O livro centra-se sobretudo numa série de crimes que se dão numa abadia italiana em meados do séc. XIV, que se prepara para receber duas delegações religiosas opostas, de um lado os defensores do papa e da ostentação da Igreja, do outro as ordens mendicantes (sobretudo a franciscana) e o Imperador germano, mas apesar do mistério, o autor aproveita então para se debater sobre questões como Estado vs. Igreja e seu papel na sociedade, bem como para versar sobre temas de índole teológica e filosófica. Foi sobretudo nestes temas que me senti algo à nora, sobretudo porque até aparecem expressões/citações em latim sem qualquer tradução, mas gostei bastante de seguir as várias discussões, fazendo-me também pensar sobre as variadas questões (a importância do riso, dos livros na transmissão do conhecimento, se este deve ser acessível a todos ou guardado num labirinto de uma biblioteca...) e levando-me a tentar descobrir mais sobre o período e as personagens reais mencionadas.

Parece-me um livro bem conseguido, mesmo que algumas partes ficassem aquém da minha total compreensão, devido ao meu pouco conhecimento das matérias, e senti que estava realmente a ler um texto medieval, ainda que as personagens fossem quase cópias autênticas de duas personagens do séc. XIX, Sherlock Holmes e o seu fiel amigo Watson. :D Saber o final em nada estragou-me a história e acabou por ser um livro bastante interessante. Recomendo-o sem reservas a quem gosta de História, Filosofia ou Religião, tal como eu, mas para quem tais temas não interessam, pode revelar-se maçudo e muito aborrecido.

Veredito: Para ter na estante. O que eu escrevi não faz, nem de longe nem de perto, jus ao livro e é realmente difícil escrever algo, pois ele quase que pede para ser discutido. E pede também para ser relido, mas até lá espero aprender, pelo menos, um pouco mais de latim.

Há de seguir-se: Resgate no Tempo de Michael Crichton

6 comentários:

Diana Marques disse...

Espero fazer uma releitura desse livro, se calhar quando acabar a tese que é para ler com calma e atenção, porque também acho que houve coisas que me escaparam, principalmente na parte das discussões mais filosóficas.
Mas também adorei o livro pelas mesmas razões que tu! :D

NLivros disse...

Já li quase todos os livros de Eco e este "O Nome da Rosa" é, de longe, o seu melhor livro.
Pessoalmente não gostei muito das expressões em latim, mas o livro é muito rico, pois descreve-te uma sociedade e um quotidiano ainda hoje envolto em mistério. Para além disso, o ambiente é muito bem conseguido e agarra-nos do princípio ao fim.

WhiteLady3 disse...

Diana, as várias discussões sobre o riso passaram-me quase todas ao lado. *is ashamed* Fico à espera do resultado da tua releitura. :D

Iceman, eu até entendo que tenham ficado por traduzir, dá um outro ar de autenticidade à obra e no contexto faz sentido, até acredito que no campo filosófico e teológico serão imensamente conhecidas e utilizadas.

Sim, o ambiente agarra logo o leitor! Achei que iria demorar bem mais tempo a ler o livro, mas assim que pegava nele era ver-me a passar as páginas, mesmo com discussões teológicas pelo meio. :D

Ainda tenho O Pêndulo de Foucault e A Ilha do Dia Antes por ler cá em casa. Não digo que me atire já a eles, mas fiquei com curiosidade em ler, mesmo sabendo que realmente este é tido como o melhor.

Bruna Matos disse...

Quando estava no ensino médio tentei lê-lo, mas não passei da página 100. Agora voltei e percebi o quanto esse livro é incrível! Estou no dia terceiro, e a leitura me prende, fascinante. Um grande livro, assim como o filme.

WhiteLady3 disse...

O filme será para rever em breve. :)

CaminhodeCanoa disse...

Assim como todos os demais demorei para adentrar no contéudo do livro que ao terminar considerei-o excelente e formador de conceitos por suas passagens eruditas e pela temática em si. E pelo motivo de querer inteirar-me completamente
de seu conteúdo, iniciei meu aprendizado em latim e criei um blog com as traduções em portuguê do brasil, e convido a todos que embarcam nessa adoravel leitura a visitá-lo em http://caminhodecanoa.blogspot.com

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