A pergunta desta semana é...
Não respondi à pergunta a semana passada, pelos mais variados factores que para aqui não interessam, pelo que aproveito para responder a ambas, ainda que pouco mais tenha de acrescentar ao que foi dito na Estante de Livros (aqui e aqui) ou no blog Papéis e Letras (aqui e aqui).
Lembro de ler desde muito pequena, nomeadamente livros escritos pela Enyd Blyton e outros da colecção juvenil do Círculo de Leitores (a Colecção Azul). Depois li Alice Vieria, A Lua de Joana e penso que só no secundário me aventurei em outros géneros e tipos de escrita não só porque sentia-me "mais crescida" mas sobretudo porque os temas que lia já não me entusiasmavam tanto. Houve um verdadeiro, ou pelo menos eu tenho consciência de que existiu, um processo de evolução na minha leitura.
Ainda hoje leio livros YA, no último dia em que fui à Feira do Livro de Lisboa trouxe 6 livros da Beatrix Potter, sou capaz de ficar na secção infantil da FNAC a ler os livros ou a mexer naqueles que têm partes para sentir e experimentar tudo o que têm. Adoro livros pop-up e só não trouxe O Principezinho porque ainda está caro. Por vezes é nestes livros que consigo distrair-me de tudo o que de mau vejo passar à minha volta. Os livros infantis são ingénuos mas ao mesmo tempo ensinam-nos tanto, sobretudo de que há motivos para sorrir e que as coisas podem acabar bem. Por vezes não preciso de acompanhar uma personagem, de ler páginas e páginas de peripécias, dúvidas existenciais e sei lá que mais, quero apenas que tenha apenas um final feliz.
Mas é claro que nem sempre este tipo de livros é suficiente, sobretudo os "insta-romances" ou "amores-Crepúsculo" (tenho de creditar a Slayra pelas expressões) que agora parecem inundar as livrarias, por vezes preciso das dúvidas existenciais, dos problemas reais (que são mais interessantes que "qual destes dois moços é o amor da minha vida?"), de um final menos feliz. Preciso de livros maçudos, de temas pesados e que me choquem, de sentir que cresço, que me torno numa pessoa melhor ao ler o livro. Ler A Lua de Joana foi importante para mim. Não me recordo da idade com que o li, talvez entre os 13 e os 15 anos, mas tenho a noção de que se o tivesse lido um ano antes ou um ano depois o impacte em mim teria sido diferente, talvez tivesse sido mesmo indiferente ao tema. Sempre ouvi a minha mãe falar de O Perfume como um livro que deveria ler mas não o fiz mais cedo porque do que ela me contava (e ela praticamente spoila tudo o que é parte importante do enredo) sentia que ainda não tinha estômago para aquilo (e isto vindo de alguém com gostos peculiares - gore e torturas). Mais uma vez, acho que li este livro na altura certa, tal como outros. Mais do que idade, é preciso ter maturidade para certos temas. E acompanhamento, porque não?
Eu tive a felicidade de ser acompanhada por uma leitora com gostos semelhantes aos meus e que me foi aconselhando vários livros ao longo dos anos, e que vim a adorar. Uma leitora que teve não só tentou incutir em mim o gosto pela leitura, mas teve também o cuidado de acompanhar e ver o que me entusiasmava ou podia interessar, fomentando esse gosto. Nunca me negou nenhum livro, mas com temas mais sensíveis procurou saber o que eu achava deles e debatia-os comigo, tentava explicar quando me surgiam dúvidas... Acho que é isso que é importante e é para isso que os livros servem, para fugir, para debater, para crescer...
Do you read books “meant” for other age groups? Adult books when you were a child; Young-Adult books now that you’re grown; Picture books just for kicks … You know … books not “meant” for you. Or do you pretty much stick to what’s written for people your age?
~*~
In contrast to last week’s question–What do you think of censoring books BECAUSE of their intended age? Say, books too “old” for your kids to read?
Não respondi à pergunta a semana passada, pelos mais variados factores que para aqui não interessam, pelo que aproveito para responder a ambas, ainda que pouco mais tenha de acrescentar ao que foi dito na Estante de Livros (aqui e aqui) ou no blog Papéis e Letras (aqui e aqui).
Lembro de ler desde muito pequena, nomeadamente livros escritos pela Enyd Blyton e outros da colecção juvenil do Círculo de Leitores (a Colecção Azul). Depois li Alice Vieria, A Lua de Joana e penso que só no secundário me aventurei em outros géneros e tipos de escrita não só porque sentia-me "mais crescida" mas sobretudo porque os temas que lia já não me entusiasmavam tanto. Houve um verdadeiro, ou pelo menos eu tenho consciência de que existiu, um processo de evolução na minha leitura.
Ainda hoje leio livros YA, no último dia em que fui à Feira do Livro de Lisboa trouxe 6 livros da Beatrix Potter, sou capaz de ficar na secção infantil da FNAC a ler os livros ou a mexer naqueles que têm partes para sentir e experimentar tudo o que têm. Adoro livros pop-up e só não trouxe O Principezinho porque ainda está caro. Por vezes é nestes livros que consigo distrair-me de tudo o que de mau vejo passar à minha volta. Os livros infantis são ingénuos mas ao mesmo tempo ensinam-nos tanto, sobretudo de que há motivos para sorrir e que as coisas podem acabar bem. Por vezes não preciso de acompanhar uma personagem, de ler páginas e páginas de peripécias, dúvidas existenciais e sei lá que mais, quero apenas que tenha apenas um final feliz.
Mas é claro que nem sempre este tipo de livros é suficiente, sobretudo os "insta-romances" ou "amores-Crepúsculo" (tenho de creditar a Slayra pelas expressões) que agora parecem inundar as livrarias, por vezes preciso das dúvidas existenciais, dos problemas reais (que são mais interessantes que "qual destes dois moços é o amor da minha vida?"), de um final menos feliz. Preciso de livros maçudos, de temas pesados e que me choquem, de sentir que cresço, que me torno numa pessoa melhor ao ler o livro. Ler A Lua de Joana foi importante para mim. Não me recordo da idade com que o li, talvez entre os 13 e os 15 anos, mas tenho a noção de que se o tivesse lido um ano antes ou um ano depois o impacte em mim teria sido diferente, talvez tivesse sido mesmo indiferente ao tema. Sempre ouvi a minha mãe falar de O Perfume como um livro que deveria ler mas não o fiz mais cedo porque do que ela me contava (e ela praticamente spoila tudo o que é parte importante do enredo) sentia que ainda não tinha estômago para aquilo (e isto vindo de alguém com gostos peculiares - gore e torturas). Mais uma vez, acho que li este livro na altura certa, tal como outros. Mais do que idade, é preciso ter maturidade para certos temas. E acompanhamento, porque não?
Eu tive a felicidade de ser acompanhada por uma leitora com gostos semelhantes aos meus e que me foi aconselhando vários livros ao longo dos anos, e que vim a adorar. Uma leitora que teve não só tentou incutir em mim o gosto pela leitura, mas teve também o cuidado de acompanhar e ver o que me entusiasmava ou podia interessar, fomentando esse gosto. Nunca me negou nenhum livro, mas com temas mais sensíveis procurou saber o que eu achava deles e debatia-os comigo, tentava explicar quando me surgiam dúvidas... Acho que é isso que é importante e é para isso que os livros servem, para fugir, para debater, para crescer...
3 comentários:
Gostei muito da sua resposta!
Acho que temos opiniões parecidas, dê uma olhada: http://leituradasemana.wordpress.com/
Sigo seu blog e adoro suas opiniões e observações.
Vera
leituradasemana.wordpress.com
Concordo com tudo o que dizes. É importante termos alguém que nos acompanhe, quando somos mais novos, mas que, ao mesmo tempo, não nos negue aquilo que queremos ler.
Também temos que explorar, ler coisas diferentes, para sabermos do que gostamos e do que não gostamos.
É todo um mundo a explorar, e é tão giro quando começamos a descobrir o universo dos livros! :)
Obrigada.
Eu sempre adorei que a minha mãe me acompanhasse. Tenho pena que hoje não leia tanto e parece que os papéis se inverteram, em vez de ser ela a aconselhar e a falar entusiasmada sobre livros, sou eu. :D
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