31 de março de 2011

Março 2011

Mais um mês em que pouco li. Pelas mais variadas razões parece não me consigo concentrar nas leituras. Felizmente apareceu-me Christian Jacq à frente, que por escrever thrillers com capítulos pequenos e de forma simples mas que nos agarram, consegui abstrair-me de alguns problemas e ler um pouco. Não exige muito de nós como leitores, mas permite um escapismo saudável em determinadas alturas. Além disso oferece uma excelente imagem da sociedade e religião egípcia. Foi uma descoberta muito interessante este mês, não haja dúvida, e tenho de agradecer à Slayra por tal. ;)

Também lhe devo de agradecer (ou atirar as culpas para cima :P ) algumas das compras este mês, sobretudo porque ela tem olho para encontrar títulos que se estavam a revelar algo esquivos. :D

Segue-se a lista de aquisições deste mês e uma foto, a pedido da Slayra, de todos os livros adquiridos num único dia! :D É verdade, não posso deixar de mencionar a aquisição do DVD "Horizonte Longínquo", porque nem só de livros vive este blog, e agradecer o dito à Cat SaDiablo. *abraça*

Compras:
  • As Serviçais de Kathryn Stockett
  • O Fio do Tempo de João Paulo Oliveira e Costa
  • O Jardim dos Segredos de Kate Morton
  • Shiver - um amor impossível de Maggie Stiefvater

Aquisições através do BookMooch:
  • Mesmerized de Candance Camp
  • Kushiel's Dart de Jacqueline Carey
  • Kushiel's Chosen de Jacqueline Carey
  • Sangue Fresco de Charlaine Harris
  • Warlock de Wilbur Smith

Booking Through Thursday: Cereais

A pergunta desta semana é...
If you’re like me, you grew up reading everything under the sun, like the cereal boxes while you ate your breakfast, the newspapers held by strangers on the subway, the tabloid headlines at the grocery store.

What’s the oddest thing you’ve ever read? (You know, something NOT a book, magazine, short story, poem or article.)

Não sou só eu com esta pancada! É tão bom saber que não estou só! *abraça todos os leitores compulsivos*

Agora a coisa mais estranha que eu já li? O que é que definem por estranho? Eu leio tudo mais alguma coisa. Desde as bulas médicas (convém não é verdade?) até aos produtos de higiene (sim, dou por mim no banho a ler as embalagens, até mesmo em línguas que não as que conheço e chego mesmo a tentar perceber a que palavra em português é que corresponde uma qualquer em grego!), passando pelos pacotes de cereais até à composição química da água engarrafada. Tudo o que tenha letras chama-me a atenção e como que sou forçada a ler.

30 de março de 2011

A Mulher Sábia (A Pedra de Luz, Livro 2)

Autor: Christian Jacq
Género: thriller
Editora: Bertrand Editora | Nº de páginas: 431

Resumo (do livro): Depois da morte de Ramsés o Grande, os artesãos do Lugar de Verdade estão inquietos.

Quem sabe se o novo Faraó desejará continuar a obra do pai e proteger por sua vez a prestigiosa aldeia, cujo futuro parece ameaçado?

Porque a aldeia está em perigo, apesar da vigilância de Clara, tornada a Mulher Sábia da confraria. Néfer, dito o Silencioso, é acusado de fraude e actos tirânicos. Os alimentos e a água não são entregues, as ferramentas são sabotadas, apesar de rigorosamente guardadas, a reserva de metais preciosos diminui e, sobretudo, uma coligação de tropas inimigas agrupam-se nas fronteiras, enquanto em Per-Ramsés, a capital das Duas Terras, as intrigas dos cortesãos enfraquecem o poder.

Roubos, assassínios, inundações, sortilégios e traições, nada é poupado aos heróis desta aventura em que as conspirações se sucedem num Egipto de lenda, que o talento de Christian Jacq nos oferece em todo o seu esplendor.


Opinião: Este volume é uma continuação directa do anterior, levando-nos a seguir os protagonistas e a vida no Lugar de Verdade após a morte de um dos seus defensores, o faraó Ramsés o Grande. Com a subida de Merenptah ao trono do Egipto, os inimigos do Lugar de Verdade tentam aproveitar a ocasião para destruir a confraria de artesãos, conseguindo mesmo colocar um traidor dentro da aldeia por forma a descobrir os segredos da Pedra de Luz. No entanto, mesmo sem o carisma de Ramsés, o novo faraó consegue fazer frente aos problemas que surgem e proteger a confraria, que se dedica, durante os 10 anos do reinado, à construção do Templo dos Milhões de Anos e à Morada Eterna de Merenptah.

Não há muito que possa dizer sobre este livro que já não tenha dito na crítica ao volume precedente, pois mais uma vez é o retrato da sociedade egípcia que sobressai, nomeadamente o relato da vida dentro do Lugar de Verdade e a progressão de Paneb na hierarquia da confraria, assim como a importância da religião no dia-a-dia. De resto, as personagens pouco evoluem, a não ser que se conte com os maus a ficarem com maiores requintes de malvadez e os bons a ficarem com uma imagem ainda maior de santos protectores de todo um modo de vida; e a trama avança de forma algo lenta, apesar de não conseguir deixar o livro de lado, dando-nos a possibilidade de ver um polvo a espalhar os seus tentáculos por forma a chegar ao seu desejado fim, mas sobretudo possibilitando-nos conhecer o quotidiano desta gente. É sem dúvida isto que me deixa fascinada, a recriação do dia-a-dia desta sociedade de forma tão exemplar e vívida. A realidade do que seria o quotidiano da sociedade egípcia até pode ser completamente diferente da apresentada aqui, mas esta parece real e muito credível.

O final fica novamente em suspenso pois, à semelhança do primeiro, acaba com a morte de um faraó que protegia a comunidade de artesãos. Mas se antes havia um sucessor directo e inquestionável, ainda que com uma posição mais frágil e com uma tarefa mais complicada que a do seu antecessor, este livro abre a hipótese de uma guerra civil entre dois pretendentes ao trono, Seti e Amenmés. Conseguirá o Lugar de Verdade resistir a tal, com um traidor no seu seio esperando atacar a qualquer momento?

Emprestado e pouco se perde com isso: O mal de volumes intermédios é que parecem muito semelhantes aos que os antecedem e este veio revelar isso mesmo, estando a classificação novamente a pender para “Vale o dinheiro gasto” mas sem propriamente lá chegar, porque não sei a conclusão! Ainda assim fica a curiosidade para seguir a série, mas não posso deixar de pensar que a história poderia ser mais curta. Estou a adorar conhecer o quotidiano e acompanhar Paneb na sua progressão, mas as peripécias começam a deixar algo a desejar e quero saber quem está por detrás! É que ainda são 4 volumes e começo a pensar "mas onde é que isto vai parar?" O_o

28 de março de 2011

Esperando por... (1)

Ora bem vindos a mais um género de rip-off de ideias que vi em outros blogs. :P Não bastava responder ao Booking Through Thursday e ter tentado juntar artigos e opiniões escritas por convidados em Verdade ou Consequência, tinha de ir copiar não só a ideia mas o título desta rubrica ao blog Livros, Livros e mais Livros. :P No entanto, noutros locais esta rubrica parece dizer respeito a títulos que estão para ser lançados, enquanto que neste meu cantinho dirá respeito a livros que estão na minha wishlist, tenham sido publicados ontem ou sejam editados amanhã.

Para inaugurar nada melhor que dizer o quanto espero por Perdido Street Station de China Miéville! E é parvo porque eu já o podia ter, estava na FNAC um dia destes, mas o raio do livro é enorme! Um verdadeiro tijolo! E eu já estava muitíssimo carregada e a carteira, infelizmente, bastante mais leve do que eu gostaria, pelo que lá ficou para outras núpcias ou uma cópia para o Kindle, que sempre fica mais cómodo (já disse que se assemelha a um tijolo?).

Editado em 2000, o livro chamou-me a atenção, sobretudo por ter laivos de ficção científica misturados com fantasia e magia, bem como por ter sido nomeado e mesmo ganho alguns prémios. Não é que ligue muito a isso, mas fica sempre alguma curiosidade. Também tenho lido boas críticas a outros trabalhos deste autor mas parece que este é o que mais se destaca (críticas a este livro aqui, aqui e também aqui).

Resumo (do site FNAC): The metropolis of New Crobuzon sprawls at centre of its own bewildering world. A stranger has come, with an impossible demand, and something unthinkable is released. Soon the city is gripped by an alien terror. The urban nightscape becomes a hunting ground and a reckoning is due at the city's heart, in the vast edifice of Perdido Street Station.

24 de março de 2011

Booking Through Thursday: Séries

A pergunta desta semana é...
Series? Or Stand-alone books?

Por mim tanto me faz, se as séries me permitem acompanhar por mais tempo as personagens que adoro, um stand-alone não me faz desesperar à espera de continuação. :D

O meu maior medo nas séries é que o autor se perca na história e a estique, para a fazer render, tornando por vezes a coisa muito maçuda e monótona, prolongado situações que desejamos ver rapidamente desenvolvidas. Já os livros independentes geralmente têm a história mais bem definida, ainda que alguns ultrapassem o número razoável de páginas, a meu ver, também fazendo com que uma pessoa desespere ao ver algumas situações arrastarem-se.

23 de março de 2011

Néfer, o Silencioso (A Pedra de Luz, Livro 1)

Autor: Christian Jacq
Género: thriller
Editora: Bertrand Editora | Nº de páginas: 381

Resumo (do livro): O romance começa nos últimos anos do reinado de Ramsés, o Grande. Méhi, um ambicioso oficial tebano, está fascinado pelo segredo que possuem os cerca de trinta artesãos do Lugar de Verdade. Um dia, espiando a aldeia implantada no deserto e rodeada por altos muros, mata um guarda e, deslumbrado, vê sair de um templo a Pedra de Luz. Decide então consagrar a sua vida para se apoderar dela.

No interior da localidade interdita são construídas as Moradas de Eternidade dos faraós.

Os homens e mulheres que ali vivem escolhem-se entre si e são habitados pela obsessão dessa eternidade. Entre eles, Néfer, que todos chamam
o Silencioso. Filho adoptivo de um dos mestres da aldeia, não ouviu o apelo dos deuses. Decide ir correr mundo para procurar a sua verdade. Nessa procura descobrirá o amor louco por Clara e verá a sua vida ser salva por Paneb o Ardente, um filho de agricultor decidido a entrar no Lugar de Verdade. Os seus amores, as suas querelas e a luta selvagem que os oporá a Méhi vão levar-nos a descobrir um Egipto próximo e misterioso ainda totalmente desconhecido, nem grande romance épico e denso.

Opinião: Conheço este autor desde que conheço a Slayra, o que já vai para algum tempo (O.o), pois é um dos seus autores preferidos e escreve sobre um dos seus períodos históricos de eleição. Eu tenho de dizer que o Antigo Egipto nunca foi bem o meu género. Ok, reconheço-lhes o génio construtivo, a religião também é das coisas mais fascinantes (mas eu adoro esse tema) que têm, também acho interessante toda aquela superstição no que toca ao Tutankhamon e outros túmulos do Vale dos Reis e das Rainhas, mas nunca fui fascinada como outros colegas de curso. Daí que tenha tardado em pedir estes livros emprestados, já que não são, hoje em dia, assim tão fáceis de encontrar. Entendo agora o porquê da Slayra os apreciar tanto.

A escrita e as personagens não são nada de outro mundo. A primeira é simples, sem grandes floreados, concisa e straight to the point, no entanto, não conseguimos parar de ler. Os capítulos pequenos ajudam a que continuemos a virar as páginas, sem darmos por isso, já que a história é interessante e queremos saber o que vai sair dali. Já no que toca a personagens, elas são bastante estereotipadas, com os vilões a serem a pior espécie de homens a pisar a Terra e os heróis a terem tantas virtudes que estamos à espera que sejam elevados às alturas, mas já estava preparada para isso e convenhamos, este tipo de coisas resulta em thrillers! Faz-nos querer que os bonzinhos dêem uma coça moral aos maus e o mundo se torne num local mais aprazível para viver, livre de ameaças. :P

O que sobressai então nesta leitura? A sociedade egípcia! Tirando alguns termos que considero anacrónicos, nomeadamente a palavra villa para descrever uma casa senhorial, o autor consegue dar a conhecer o quotidiano de forma fenomenal, tornando o retrato da sociedade bastante credível. Acho sobretudo muito bem conseguido o facto de colocar a religião em todos os momentos do dia e da vida dos protagonistas. Por vezes é difícil imaginar, na sociedade actual, a importância que a religião (nas suas mais variadas formas) tinha anteriormente, mas Jacq ilustra isto de forma brilhante e não deixa de ser incrível como consegue unir religião e ciência, ideias que parecem ser tão difíceis de conjugar. Aqui também temos este confronto, com uma facção a querer tirar o Egipto do “obscurantismo” e das práticas milenares, evoluindo para uma civilização tecnologicamente avançada. Mas a força da tradição não exclui a evolução, pelo contrário parece contribuir para a mesma, daí que tenham conseguido as proezas arquitectónicas que conhecemos e que terão sido construídas com o objectivo de atingir a imortalidade, de ficar mais perto dos deuses e das estrelas.

É exactamente esta parte a mais vincada na história, já que os protagonistas, Néfer, Paneb e Clara, habitam o Lugar de Verdade, uma pequena aldeia de construtores e outros artistas que ouviram o chamamento de Maet e têm como objectivo construir grandiosos edifícios para morada eterna dos faraós, por modo a preservar a Justiça e a Verdade. Acompanhamos então o trabalho dos variados artesãos, nomeadamente Paneb que tem de se esforçar para progredir na profissão que tanto ambiciona. Mas o Lugar de Verdade encontra-se ameaçado por intrigas, já que é um local isolado, sobre o directo domínio do faraó e do seu vizir, escapando à burocracia de Tebas que acredita existir lá incontáveis riquezas, bem como importantes conhecimentos e segredos que seriam preciosos num eventual conflito bélico com outras potências, como os hititas.

Este é então um livro interessante, mas nota-se que é um primeiro volume. Trata-se basicamente de uma introdução às personagens e história, que são desenvolvidos em outros volumes. Este não acaba por isso de forma definitiva, tem uma espécie de to be continued, deixando em aberto o que pode vir a acontecer ao Lugar de Verdade depois da morte de um dos seus mais importantes protectores.

Emprestado e pouco se perde com isso: Na verdade está perto de um “Vale o dinheiro gasto”. Sem dúvida de que fica a curiosidade em continuar a série, já comecei a ler o segundo livro, mas como se trata de uma introdução não sei se seria capaz de o comprar sem ler o resto. Mas parece-me uma boa aposta e será, com certeza, um autor a seguir.

21 de março de 2011

Verdade ou Consequência? (3)

A Fantasia Urbana

Quem me conhece minimamente (na verdade, basta ler as críticas do meu blogue, eheh) sabe que um dos meus géneros literários favoritos é a Fantasia Urbana. Apesar de ler outro tipo de livros, o escapismo proporcionado por este género levou-me a adquirir e ler muitos livros relacionados com vampiros, lobisomens e outras criaturas sobrenaturais. É também a razão pela qual escrevo este pequeno artigo, para a rubrica “Verdade ou Consequência” do blogue Este meu Cantinho. Espero, com aquele, dar a conhecer o género a quem ainda não conhece, quem sabe arranjar mais alguns fãs e, ao mesmo tempo, esclarecer estes novos eventuais leitores sobre as diferenças dentro da Fantasia Urbana e como melhor escolher uma obra para leitura.

Penso que a primeira pergunta que se coloca é, o que é “Fantasia Urbana”? Que livros se inserem dentro do género?

A Fantasia Urbana é um subgénero da Fantasia Contemporânea. A principal característica que a diferencia da Fantasia dita regular (da qual os exemplos mais famosos são a obra de Tolkien) são os locais onde a acção decorre; tal como o nome indica, a Fantasia Urbana decorre no mundo real, mais especificamente em ambientes urbanos, onde o autor insere elementos do fantástico (de magia a criaturas sobrenaturais). Outros subgéneros da fantasia como o Romance Paranormal, a Fantasia Histórica e o Steampunk podem utilizar também esta ‘fórmula’ para a construção da história; no entanto não se deve confundir qualquer dos géneros acima mencionados com a Fantasia Urbana, pois se o “setting” é semelhante, existem também diferenças cruciais de que falarei mais adiante.

Apesar de apenas nos últimos anos ter ganho uma popularidade espantosa, a Fantasia Urbana já existe há bastante tempo no ‘panorama’ literário. Na verdade, se utilizarmos apenas o conceito acima indicado para definir obras relacionadas com o género, podemos apontar “Drácula” de Bram Stoker (1897) como uma das primeiras obras de Fantasia Urbana alguma vez escritas. Claro que, como já antes mencionei, não é apenas o local onde decorre a acção que define a Fantasia Urbana; outros factores como a sociedade alternativa (que reconhece, geralmente a existência de magia e/ou criaturas sobrenaturais) e o mistério geralmente associado a este tipo de livros também são parte intrínseca do género e “Drácula” não segue especificamente todas estas linhas.

A obra de Charles de Lint, no entanto, segue. O seu livro “Moonheart” (1984) é considerado uma das primeiras obras de Fantasia Urbana, se não contarmos “Entrevista com o Vampiro” de Anne Rice, que foi publicado em 1976 (no entanto, o segundo livro de Rice, “O Vampiro Lestat” só viria a surgir quase dez anos mais tarde, em 1985). De Lint viu publicadas muitas das suas outras obras do género durante as décadas de 80, 90 e mesmo já no século XXI (“Widdershins” – 2006). Mas este autor não esteve sozinho no mundo da Fantasia Urbana; apesar de ser um dos primeiros a escrever neste género, outros se seguiram. Mercedes Lackey aclamada autora de Fantasia escreveu uma trilogia sobre uma bruxa americana (Diana Tregarde) entre 1989 e 1991; Tanya Huff escreveu uma série sobre uma detective e o seu parceiro vampiro que consiste de seis livros (a série Vicki Nelson ou “Blood Series”) entre 1991 e 1997; Também L.J. Smith começou a escrever as suas séries de vampiros para jovens adultos (“Os Diários do Vampiro” e “O Mundo da Noite”) nos anos 90, o que fez dela uma espécie de pioneira na literatura paranormal juvenil; e Laurell K. Hamilton iniciou em 1993 a sua série “Anita Blake, Vampire Hunter” que conta hoje com mais de 15 livros e ainda continua a ser publicada.

Mas foi com a série de televisão “Buffy, a caçadora de Vampiros” (1997 a 2003) que o género ganhou vida. Buffy foi um sucesso instantâneo e prolongou-se por diversas temporadas. Em 1997 seria também publicado o primeiro livro de Harry Potter, que pode ser inserido, com algumas reservas, no género da Fantasia Urbana. O sucesso literário da série de J.K. Rowling e o de Buffy, atirou para a ribalta as séries acima listadas, especialmente a de Anita Blake. As fileiras de leitores da Fantasia Urbana engrossaram-se e exigiram mais livros, mais séries e maior diversidade. Em 2001 surge o primeiro livro da série “Sangue Fresco” de Charlaine Harris, um dos muitos exemplos da resposta do mundo editorial aos clamores do público. Em 2005 saía “Twilight” (“Crepúsculo”) de Stephenie Meyer que catapultou para a fama o Romance Paranormal juvenil e abriu todo um novo mercado – o da literatura paranormal para jovens – que foi rapidamente inundado com obras de cariz semelhante como “Hush, Hush”, “Anjo Caído” ou “Eternidade”.

Poderia listar muitas outras séries, tanto juvenis como para os mais adultos, mas neste momento este mercado encontra-se tão saturado que a lista teria muitas páginas. Todos os meses são publicadas nos Estados Unidos, novas ofertas dentro do género da Fantasia Urbana e dos seus géneros “irmãos” o Romance Paranormal (que geralmente tem as mesmas características da fantasia urbana, mas centra-se mais no romance do que na acção; os livros de Sherrilyn Kenyon e Kresley Cole são exemplos) e o Steampunk (cuja acção se situa em épocas passadas, geralmente no século XIX ou meados do século XX e onde assistimos a uma evolução alternativa da sociedade; muitas vezes criaturas sobrenaturais como vampiros estão presentes. As obras Gail Carriger e Cherie Priest são bons exemplos de Steampunk que entram na esfera da Fantasia Urbana).

Esta diversidade de livros com a sua multitude de enredos e uso criativo de elementos fantásticos faz da Fantasia Urbana o género perfeito para aqueles que gostam de leituras escapistas e imaginativas mas que se sentem entediados com os enredos reciclados da Fantasia Épica. Elfos, donzelas, espadas e sociedades medievais são substituídas por caracterizações diversas de vampiros, lobisomens e fadas e muitas vezes torna-se interessante saber o que inventarão os autores para tornarem original o seu livro num género que, como já disse, se encontra saturado. A possibilidade de viajar para mundos tão diferentes mas ao mesmo tempo tão parecidos com o nosso é a razão pela qual recomendo a Fantasia Urbana.

Fontes de Pesquisa:

O primeiro artigo dentro da categoria Verdade foi escrito pela Slayra, do blog Livros, Livros e mais Livros, que desta forma respondeu a um repto que lhe havia feito. :D

20 de março de 2011

Meme Literário


1. Ele existe! Aliás, existem alguns mas só podendo escolher um penso que tenho de dizer Persuasão da Jane Austen. *suspiro* Há lá melhor que uma história de amor, perda e reconciliação?

2. A resposta não será original, a Cat SaDiablo já o indicou, mas O Conde de Monte Cristo é alguma coisa de outro mundo. É um dos tais que não me caso de ler (ok, só li duas vezes, mas quero ler outra vez e uma outra...!) e a cada nova leitura parece que o estou a ler pela primeira vez e descubro algo que me faz gostar ainda mais do livro. Tem de tudo e é das mais belas histórias que já li. :)

3. Aqui tenho de aconselhar dois livros que nos últimos anos me arrebataram de tal maneira que ainda hoje dou por mim a pensar neles. Estou a falar de North and South, da Elizabeth Gaskell e de O Segredo da Casa de Riverton, da Kate Morton.

4. Não vou escolher ninguém, pois alguns dos blogs que gostava que respondessem já foram desafiados a fazê-lo.

5. Fui desafiada por A minha biblioteca, Cat SaDiablo e p7.

16 de março de 2011

The Pretender

Autor: Celeste Bradley
Género: romance histórico
Editora: St. Martin's Paperbacks | Nº de páginas: 358

Resumo (do site Goodreads): Rule #1: Never fall in love.

She had a secret she'd do anything to hide.


Agatha Cunnington, headstrong beauty from the country, has come to London in search of her missing brother James. The only clue she has is a cryptic letter signed "The Griffin." Agatha decides to disguise herself as a respectable married woman so that she can go about the city unnoticed. But for her charade to work she needs a suitable "husband," preferably someone tall, elegant and rakish - Someone like Simon Rain.

He had a secret he'd do anything to hide.

Simon Rain is a member of the Liar's Club, a renegade group of rogues and thieves in the service of the Crown. When someone begins murdering members of the undercover cabal one by one, Simon is given the mission to bring in James Cunnington, one of his comrades who is suspected of betraying his brothers. Simon goes undercover and infiltrates the home of "Mrs." Agatha Applequist - who he believes is James's mistress. Before Simon knows what's happened, he finds himself irresistibly drawn to Agatha's soft, feminine charms - and he is tempted beyond reason to break the first rule of the Liar's Club: Never fall in love.


Opinião: Mais uma vez, este ano, tive de desistir de um livro. Não é coisa que costume fazer, mas simplesmente não consegui entrar na história. Não conhecia esta escritora, foi praticamente um tiro no escuro, que pelos vistos errou o alvo.

Não peço muito de romances históricos. São basicamente livros leves, ideais para descansar um pouco a cabeça de outros problemas, mas gosto de histórias credíveis e protagonistas interessantes, agradáveis de seguir e com uma boa química. Ora bem, neste livro não consegui ligar-me às personagens, a relação entre eles pareceu-me forçada, baseada apenas na aparência sem nada a fomentar uma verdadeira relação amorosa. Talvez esta se desenvolva com o desenrolar do livro (afinal de contas fiquei-me pela primeira centena de páginas), mas a verdade é que não consegui importar-me com as personagens, com Agatha que procura o seu irmão nem com Simon, um agente secreto que tenta encontrar um traidor. Este até poderia ser um enredo interessante, mas houve qualquer coisa que não me cativou e a história pareceu-se arrastar-se, com as situações descritas serem meros pretextos para os protagonistas babarem-se um pelo outro.

História e personagens pouco interessantes, levou a que me dispersasse e não desse atenção ao livro, virando-me para outros interesses e mesmo outros livros, já que comecei a ler este em meados de Janeiro e arrastou-se, as míseras 100 páginas, até Março!

Não acabei: Parte de uma série, acho que me fico por aqui. Nunca antes tinha desistido de um romance histórico! O_o O livro chegou-me pelo BookMooch e já foi pelo mesmo caminho, pelo que o saldo não é muito negativo.

14 de março de 2011

Porque música é poesia (3)


Hurts - Silver Lining

There's a storm on the streets, but you still don't run
Watching and waiting for the rain to come.
And these words wouldn't keep you dry
Or wipe tears from an open sky,
But I know, but I know, but I know I'm right.

I won't let you drown, when the water's pulling you in
I'll keep fighting, I'll keep fighting.
The rain's gonna follow you wherever you go,
The clouds go black and the thunder rolls
And I see lightning, I see lightning.

When the world surrounds you, I'll make it go away
Paint the sky with silver lining.
I will try to save you, cover up the grey
With silver lining.

Now there's no way back from the things you've done
I know it's too late to stop the setting sun.
You see the shadows in the distant light,
And it's never gonna to be alright
And you know, and you know, and you know I'm right.

And I won't get left behind, when the walls come tumbling in
I'll keep climbing, I'll keep climbing.
The rain's gonna follow you wherever you go,
The clouds go black and the thunder rolls
And I see lightning, I see lightning.

When the world surrounds you, I'll make it go away
Paint the sky with silver lining.
I will try to save you, cover up the grey
With silver lining.

When the world surrounds you, I'll make it go away
Paint the sky with silver lining.
I will try to save you, cover up the grey
With silver lining.

Silver, silver, silver, silver, silver, silver, silver lining,
Deep blue sky, deep blue sky.

10 de março de 2011

Booking Through Thursday: Multi-tasking

A pergunta desta semana é...
Do you multi-task when you read? Do other things like stirring things on the stove, brushing your teeth, watching television, knitting, walking, et cetera?

Or is it just me, and you sit and do nothing but focus on what you’re reading?

(Or, if you do both, why, when, and which do you prefer?)

Sim! É mais fácil fazer várias coisas ao mesmo tempo quando oiço áudio-livros do que propriamente quando leio um, aí prefiro silêncio mas se estiver numa sala com a televisão ligada, o rádio a tocar, com pessoas a conversar (desde que não seja comigo, conversar e ler é coisa que de facto não dá para fazer) também o faço pois consigo abstrair-me do mundo à minha volta e concentrar-me na leitura. Aprendi este dom na escola, onde conseguia concentrar-me de tal forma em exames que colegas chegaram a ficar aborrecidos comigo por não responder, a meio dos testes, às suas questões. Simplesmente não os ouvia e para chamar a minha atenção era necessário darem-me encontrões... :/

Quando oiço livro em formato áudio é fácil fazer tarefas mecânicas, como lavar os dentes, fazer crochet, lavar a loiça, já que a atenção necessária não é tanta nem para a audição nem para o que estou a fazer.

3 de março de 2011

Booking Through Thursday: Batota

A pergunta desta semana é...
Do you cheat and peek at the ends of books? (Come on, be honest.)

Sim! É verdade, eu faço batota e espreito o final. Muitas vezes leio a primeira página, depois a última, e só então leio o livro. Outras vezes há em que, no meio de uma cena intensa, casos de vida ou morte, tenho de ler um pouco mais à frente para saber o que acontece ou os nervos dão cabo de mim!

2 de março de 2011

Os Despojados - uma utopia ambígua (2 volumes)


Autor: Ursula K. Le Guin
Género: ficção científica
Editora: Publicações Europa-América | Nº de páginas: 156+156

Resumo (dos livros): No seu romance mais ambicioso e profético, Ursula K. Le Guin realizou um espantoso tour de force: a arrebatadora história de Shevek, um físico brilhante que tenta reunir sozinho dois planetas, separados um do outro por séculos de desconfiança.

Anarres, a pátria de Shevek, é uma lua árida, colonizada por uma civilização anarquista utópica; Urras, o planeta-mãe, é um mundo muito semelhante à Terra, com as suas nações beligerantes, grande pobreza e imensa riqueza. Shevek arrisca tudo numa corajosa visita a Urras - para aprender, para ensinar, para partilhar. Mas a sua dádiva transforma-se em ameaça... e no conflito profundo que daí resulta Shevek é forçado a reexaminar a sua filosofia de vida.


~*~

Eis que chegámos à segunda e última parte de Os Despojados. Assistimos na primeira parte à ida de Shevek para Urras, um planeta muito semelhante à Terra, com as suas nações beligerantes, grande pobreza e imensa riqueza.

Nesta segunda parte, Ursula K. Le Guin descreve-nos o conflito profundo de Shevek perante uma realidade completamente diferente do seu planeta-pátria, Anarres, dominado por uma civilização anarquista utópica.

Um romance profético e um espantoso
tour de force da notável escrita de Ursula K. Le Guin, considerada pela crítica internacional uma escritora inteligente e excelente.

Opinião: Este ano tinha por objectivo participar em alguns bookclubs, bem talvez não participar activamente comentando e tal, mas lendo os livros e o que outros acharam dos mesmos, acompanhando a discussão de modo passivo. Isto sobretudo porque os bookclubs que pensava participar são em inglês e nem sempre me consigo exprimir convenientemente, e porque aquele em que mais tinha possibilidades de participar, por conseguir encontrar os livros nas BLX, é um género ao que não estou habituada - ficção científica. Mas achei que seria um desafio interessante ler os livros escolhidos e que tenho à disposição exactamente por saírem da minha zona de conforto, afinal de contas há que experimentar o desconhecido de vez em quando.

Foi por isto que peguei então nestes dois pequenos livros... e já agora um pequeno a parte, achei curioso ver que este livro por cá estava dividido e ainda por cima serem de tamanho tão pequeno, quando tantos criticam as opções das editoras portuguesas hoje, que dividem livros de 700 ou 800 páginas em dois. Nesta altura, penso que anos 80, ninguém criticava estas medidas? :P

Dizia então que peguei nestes livros, a escolha de Fevereiro do blog Dreams & Speculation, e não sabia bem o que esperar. Sobre o que trataria? As capas não deram nenhuma ajuda, pelo contrário, até me levaram a torcer o nariz algumas vezes, mas lá me decidi a ler, num momento em que pouco ou nada conseguia prender-me a atenção. E realmente foi um problema passar da primeira página, penso que a li 2 ou 3 vezes até conseguir prosseguir, mas depois de ler a segunda já só o conseguia colocar de lado quando exausta e cheia de sono.

Os Despojados tem como pano de fundo dois planetas, Anarres e Urras, sendo o primeiro como que uma colónia do segundo, para onde partiram os partidários de uma sociedade anarquista e solidária, desgostosos da sociedade capitalista do planeta de origem. Shevek tenta encetar um diálogo entre ambos e ao longo dos vários capítulos seguimos a sua história. Os capítulos alternam entre passado em Anarres, os capítulos pares, e o presente em Urras, capítulos ímpares, providenciando-nos uma visão e conhecimentos dos dois mundos.

No primeiro volume, a primeira metade do livro original, vemos o crescimento de Shevek em Anarres. Ficamos então a saber que apesar de a sociedade ser anárquica, ou seja não haver um governo, poucos problemas sociais há, sendo que todos se sacrificam para um bem comum, trabalhando no que gostam e participando ocasionalmente em trabalhos físicos para providenciar o necessário para a comunidade sobreviver. Mas nem tudo é tão igualitário como parece. Quem se atreve a pensar de forma diferente vê as suas pernas cortadas, por assim dizer, não conseguindo prosseguir os seus estudos, levando a um sentimento negativo, de que não contribui para a comunidade. Atinge por isso um muro. Shevek passa por tal experiência, chegando a pensar suicidar-se, quando é forçado a abrir os olhos para a realidade em que vive.

Já no que toca à acção passada em Urras, um planeta bastante semelhante à Terra pelo que é curioso ver como Shevek se adapta a um mundo tão diferente para ele mas tão semelhante para nós leitores, percebemos que desejam algo de Shevek e que aquilo que vemos não será bem assim. Shevek vê-se limitado em movimentos, não parece poder sair da faculdade em que está instalado, para ver alguma coisa do resto do planeta tem de ser acompanhado, é convidado para as festas em que estão sempre as mesmas pessoas... Enfim, estranhei que num país capitalista todos tenham roupas ricas e frequentem grandes festas, o que me leva a ponderar se a miséria não estará escondida.

E eis que o segundo livro começa exactamente com Shevek a ponderar se não estará “dentro de muralhas”, a ver o que querem que ele veja. Conhece então a outra face de Urras, onde é tido como um Messias, que os pode tirar do jugo capitalista para a sociedade viver de forma igual, justa e em liberdade. Pelo seu discurso inflamatório, por assim dizer, ao alimentar um sonho que tantos acalentam, vê-se no meio da maior crueldade, presenciando a força bruta usada para controlar as ideias e dissidentes. Mas a história em Anarres também não é feliz para Shevek, que entende então que na sua terra natal começa a existir um poder burocrático e central, mesmo que não tenha sido essa a intenção e propõe-se a construir uma “Anarres para além de Anarres”, continuando a revolução iniciada por Odo, já que a revolução em si própria não pode ter um fim, pois a estagnação e permite a emergência dos centros de poder.

O protagonista, e o próprio leitor ouso dizer, percebe então que não são os Anarresti que devem ir ter com os outros povos mas os outros povos a evoluírem e ir ter, de livre vontade e de mãos vazias, com a sociedade de Anarres. Que é o indivíduo que tem de perceber que a única coisa que pode dar aos outros é a sua própria pessoa, já que é só a si que possui.

Gostei bastante do livro, sobretudo pelo debate social mas a autora não se centra apenas em nisso. A diferença entre as duas sociedades é profunda, desde o uso e posse de objectos (Urras tem uma política de usar e deitar fora enquanto que Anarres não tem sentido de posse, tudo é partilhado) até à mentalidade, sendo um exemplo a diferente opinião sobre o papel das mulheres na sociedade.

Achei curioso o subtítulo “uma utopia ambígua” mas realmente, quanto mais conhecemos cada sociedade a nossa visão, tal como a de Shevek, vai mudando e percebemos que nenhuma é perfeita. Se uma parece esplendorosa devido à riqueza do próprio planeta, rico em sol, chuva, alimentos e vida natural, sabemos no entanto que há quem viva na pobreza e miséria; se a outra parece uma sociedade justa ainda que debatendo-se com dificuldades devido à pobreza do solo, o que inspira a entreajuda, vimos a descobrir que por detrás da igualdade existe um sistema de repressão que exclui quem não se adapta às regras que surgem espontaneamente em defesa de uma comunidade ideal, que o indivíduo não tem direito a ser tal se não se enquadrar na máquina social.

É um livro deveras interessante, que convida a pensar na nossa própria sociedade, sobretudo num momento em que parece tornar-se tão individualista. Devo confessar que por vezes me senti perdida, sobretudo na discussão das teorias físicas de Shevek, mas é sem dúvida um livro a ler.

Vale o dinheiro gasto: Estes livros foram emprestados, mas sem dúvida de que são para reler. O tema interessa-me bastante e a ambiguidade convida a pensar e a encontrarmos nós as respostas. Seremos capazes de deixar objectos para trás ou continuaremos a ser possuídos por eles? Podemos pedir tudo dos outros sem darmos algo em troca? Poderemos dar-nos sem pensar em receber algo? É o oferecer ou o receber que traz felicidade?

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