Já por aqui falei da minha relação com áudio-livros e e-books, mas não me lembro de alguma vez me ter debruçado da minha relação com os livros. Suscitado por um post no fórum Estante dos Livros sobre leituras obrigatórias e sentindo-me algo nostálgica, resolvi então debruçar-me um pouco sobre tal. Aviso, o post pode parecer uma enorme salganhada, numa tentativa de falar de muita coisa ao mesmo tempo. :P
A minha mãe foi em tempos grande leitora, lembro-me de como aproveitava os tempos mortos no antigo emprego para ler, e passou-me o bichinho. Lembro-me de ela ler para mim antes de dormir, quando tinha tempo, e lembro de como ela sempre falou com emoção de alguns livros que teve oportunidade de ler. Parecia que tinha sido ela a viver aquelas histórias e isso fascinava-me. Sempre gostei de ouvir histórias.
Como já tenho dito, ela costumava ler livros emprestados, hábito que também tenho, mas assim que passou a trabalhar fez-se sócia do Círculo de Leitores (hoje já não é) e pedia então, penso que de 3 em 3 meses, cerca de 2 a 4 livros. Quando comecei a ler, passou também a pedir livros para mim e foi assim que fiz a colecção de Os Cinco, Os Sete e As Gémeas, tudo obras da Enyd Blyton, e vários livros da colecção Azul. Li todos os livros da Enyd Blyton, mas da colecção Azul nem por isso. Nesta época, não sei porquê, tinha medo de me esquecer das aventuras que vivia ao ler (coisas parvas, enfim) e então relia sempre as mesmas histórias nas férias, já que em tempos de escola não pegava em livros, tinha de me aplicar nos estudos e se me saísse bem então aí sim tinha a minha recompensa.
Quando passei para o 2º ciclo, de modo a incentivar à leitura, tive uma professora que resolveu apresentar-nos as "fichas de leitura". Podíamos, e devíamos, ler todos os títulos que nos interessassem e depois mostrar-lhe um resumo da história e o que tínhamos achado ou aprendido com o livro. Aqui estava a solução para ler e não me esquecer da história dos livros! Podia ler mais sem medo de novas aventuras ocuparem o lugar de antigas (sim, porque a minha memória nunca foi grande coisa), bastava-me depois escrever um pouco sobre o que lia para mais tarde recordar. Escusado será dizer que achei a ideia tão boa que continuei a fazer isso ao longo dos anos, o que culminou neste blog. :) Por esta altura também comecei a ler obras obrigatórias, tendo sido a primeira, se não estou em erro, Os Lusíadas Contados às Crianças e Lembrados ao Povo do João de Barros, porque a professora achava que era um bom ponto de partida para darmos Os Lusíadas em verso anos mais tarde.
Com pensamento semelhante, a minha professora do 8º ano achava que não deveria ser apenas no secundário que deveríamos ler livros obrigatórios, até porque se assim fosse corríamos o risco de lá chegar sem disciplina nem método. Propôs então duas coisas, todos os alunos deveriam ler um livro que ela escolhesse e fazer um trabalho sobre esse livro, e todos deveriam escolher um livro que quisessem e apresentá-lo ao resto da turma. O livro escolhido pela professora foi A Pérola de Steinbeck, que se tornou logo num dos meus livros e autores favoritos. Foi também o primeiro trabalho que me lembro de ter feito com o uso de um computador. :) Por esta época li vários títulos da Alice Vieira e A Lua de Joana, livro que mudou a minha forma de ver os livros. Se até aí constituíam um escape, aquele mostrou-me que podia passar por variadas experiências de vida que ajudam a crescer e a tornar-nos pessoas melhores, adultas e responsáveis. Passei a encarar a Literatura de outro modo e para além do escape, comecei a procurar enriquecer-me. Assim, tentei ver as obras obrigatórias do secundário como algo que contribuiria para um maior crescimento interior, mas continuei a ler o que bem entendia.
Fazia parte das leituras obrigatórias do meu ensino secundário os títulos Felizmente à Luar, Os Maias e Aparição. Não gostei particularmente de nenhum e apesar de ter concluído a leitura do primeiro, já os outros não consegui acabar: fiquei no 4º capítulo do livro do Eça e na parte em que morre uma galinha n'Aparição. Porque é que não acabei? Achei ambos uma seca e se até gostava das descrições do Eça, elas não deixavam de se arrastar, já o Vergílio Ferreira pareceu-me demasiado filosófico para o meu gosto. Além disso não havia nenhuma contrapartida para mim, na medida em que no básico as professoras não se importavam com o resto das nossas leituras (não importava tema, género ou autor) valorizando apenas que lêssemos e no secundário havia uma atitude de "isto é que é literatura que deve ser lida, tudo o resto, nomeadamente a Fantasia que lê, não a forma como pessoa". E acho que foi mais por isso do que o ser alérgica a obras obrigatórias que me afastou daqueles livros. Como se atreviam a dizer tal coisa, se as histórias de Fantasia - lia na época As Mulheres da Casa do Tigre e Harry Potter - contavam histórias de pessoas que perante a adversidade não desistiam e lutavam como podiam, mesmo sem esperança? Além disso, nunca gostei de analisar obras à exaustão. Eu sei que o autor deve ter tido várias influências, desde autores que tenha lido até à época em que viveu, mas ler um livro à procura disso cansava-me e tirava qualquer gosto da leitura porque "cada palavra foi posta de propósito em determinado lugar para expressar uma ideia qualquer do autor, até contra aquilo que estava a escrever". Enfim, estar a esmiuçar cada palavra ou descrição era tarefa árdua (demorei duas semanas só para ler a descrição do Ramalhete!) e um pouco inglória devido aos inúmeros sentidos que poderia ter. Foi quando descobri que não tinha queda para Literaturas e Línguas.
Acho que ainda hoje isso se nota aqui nas minhas opiniões. Quando escrevo sobre um livro tento debruçar-me sobre a história, as personagens, como isso contribui para um certo enriquecimento pessoal. Sim, porque até os romances mais banais podem ajudar a um crescimento pessoal, já que se debruçam sobre o relacionamento entre personagens e essas têm problemas como qualquer um de nós. Faço poucas pesquisas sobre autor, tema ou acontecimento que escreve a não ser que me sinta curiosa (como quando as histórias tomam lugar num determinado período e acontecimento histórico que não conheço tão bem como isso - já agora, foi quando percebi que Literatura e Línguas não era para mim que segui História :P ), porque acho que o próprio autor queria era contar uma história e não propriamente que o leitor ficasse a conhecer os seus sonhos, pensamentos e frustrações analisando cada palavra, ponto ou vírgula.
Felizmente, encontrei pessoas que pensam como eu, primeiro na faculdade, e daí para a frente também com a ajuda da internet. Tomei conhecimento de novos livros, autores e de como outras pessoas encaram a leitura e o que tiram dela. Tem sido salutar toda esta troca de opiniões e experiências tendo como base os livros, e tal como os livros, tem contribuído para o meu crescimento pessoal. Se antes desdenhava alguns géneros hoje estou aberta a novas experiências literárias; acho interessante ver como os mesmos livros podem suscitar diferentes opiniões e ao ler opiniões positivas/negativas de livros que detestei/adorei, sinto que ganho uma maior compreensão dos outros e de mim própria.
A minha mãe foi em tempos grande leitora, lembro-me de como aproveitava os tempos mortos no antigo emprego para ler, e passou-me o bichinho. Lembro-me de ela ler para mim antes de dormir, quando tinha tempo, e lembro de como ela sempre falou com emoção de alguns livros que teve oportunidade de ler. Parecia que tinha sido ela a viver aquelas histórias e isso fascinava-me. Sempre gostei de ouvir histórias.
Como já tenho dito, ela costumava ler livros emprestados, hábito que também tenho, mas assim que passou a trabalhar fez-se sócia do Círculo de Leitores (hoje já não é) e pedia então, penso que de 3 em 3 meses, cerca de 2 a 4 livros. Quando comecei a ler, passou também a pedir livros para mim e foi assim que fiz a colecção de Os Cinco, Os Sete e As Gémeas, tudo obras da Enyd Blyton, e vários livros da colecção Azul. Li todos os livros da Enyd Blyton, mas da colecção Azul nem por isso. Nesta época, não sei porquê, tinha medo de me esquecer das aventuras que vivia ao ler (coisas parvas, enfim) e então relia sempre as mesmas histórias nas férias, já que em tempos de escola não pegava em livros, tinha de me aplicar nos estudos e se me saísse bem então aí sim tinha a minha recompensa.
Quando passei para o 2º ciclo, de modo a incentivar à leitura, tive uma professora que resolveu apresentar-nos as "fichas de leitura". Podíamos, e devíamos, ler todos os títulos que nos interessassem e depois mostrar-lhe um resumo da história e o que tínhamos achado ou aprendido com o livro. Aqui estava a solução para ler e não me esquecer da história dos livros! Podia ler mais sem medo de novas aventuras ocuparem o lugar de antigas (sim, porque a minha memória nunca foi grande coisa), bastava-me depois escrever um pouco sobre o que lia para mais tarde recordar. Escusado será dizer que achei a ideia tão boa que continuei a fazer isso ao longo dos anos, o que culminou neste blog. :) Por esta altura também comecei a ler obras obrigatórias, tendo sido a primeira, se não estou em erro, Os Lusíadas Contados às Crianças e Lembrados ao Povo do João de Barros, porque a professora achava que era um bom ponto de partida para darmos Os Lusíadas em verso anos mais tarde.
Com pensamento semelhante, a minha professora do 8º ano achava que não deveria ser apenas no secundário que deveríamos ler livros obrigatórios, até porque se assim fosse corríamos o risco de lá chegar sem disciplina nem método. Propôs então duas coisas, todos os alunos deveriam ler um livro que ela escolhesse e fazer um trabalho sobre esse livro, e todos deveriam escolher um livro que quisessem e apresentá-lo ao resto da turma. O livro escolhido pela professora foi A Pérola de Steinbeck, que se tornou logo num dos meus livros e autores favoritos. Foi também o primeiro trabalho que me lembro de ter feito com o uso de um computador. :) Por esta época li vários títulos da Alice Vieira e A Lua de Joana, livro que mudou a minha forma de ver os livros. Se até aí constituíam um escape, aquele mostrou-me que podia passar por variadas experiências de vida que ajudam a crescer e a tornar-nos pessoas melhores, adultas e responsáveis. Passei a encarar a Literatura de outro modo e para além do escape, comecei a procurar enriquecer-me. Assim, tentei ver as obras obrigatórias do secundário como algo que contribuiria para um maior crescimento interior, mas continuei a ler o que bem entendia.
Fazia parte das leituras obrigatórias do meu ensino secundário os títulos Felizmente à Luar, Os Maias e Aparição. Não gostei particularmente de nenhum e apesar de ter concluído a leitura do primeiro, já os outros não consegui acabar: fiquei no 4º capítulo do livro do Eça e na parte em que morre uma galinha n'Aparição. Porque é que não acabei? Achei ambos uma seca e se até gostava das descrições do Eça, elas não deixavam de se arrastar, já o Vergílio Ferreira pareceu-me demasiado filosófico para o meu gosto. Além disso não havia nenhuma contrapartida para mim, na medida em que no básico as professoras não se importavam com o resto das nossas leituras (não importava tema, género ou autor) valorizando apenas que lêssemos e no secundário havia uma atitude de "isto é que é literatura que deve ser lida, tudo o resto, nomeadamente a Fantasia que lê, não a forma como pessoa". E acho que foi mais por isso do que o ser alérgica a obras obrigatórias que me afastou daqueles livros. Como se atreviam a dizer tal coisa, se as histórias de Fantasia - lia na época As Mulheres da Casa do Tigre e Harry Potter - contavam histórias de pessoas que perante a adversidade não desistiam e lutavam como podiam, mesmo sem esperança? Além disso, nunca gostei de analisar obras à exaustão. Eu sei que o autor deve ter tido várias influências, desde autores que tenha lido até à época em que viveu, mas ler um livro à procura disso cansava-me e tirava qualquer gosto da leitura porque "cada palavra foi posta de propósito em determinado lugar para expressar uma ideia qualquer do autor, até contra aquilo que estava a escrever". Enfim, estar a esmiuçar cada palavra ou descrição era tarefa árdua (demorei duas semanas só para ler a descrição do Ramalhete!) e um pouco inglória devido aos inúmeros sentidos que poderia ter. Foi quando descobri que não tinha queda para Literaturas e Línguas.
Acho que ainda hoje isso se nota aqui nas minhas opiniões. Quando escrevo sobre um livro tento debruçar-me sobre a história, as personagens, como isso contribui para um certo enriquecimento pessoal. Sim, porque até os romances mais banais podem ajudar a um crescimento pessoal, já que se debruçam sobre o relacionamento entre personagens e essas têm problemas como qualquer um de nós. Faço poucas pesquisas sobre autor, tema ou acontecimento que escreve a não ser que me sinta curiosa (como quando as histórias tomam lugar num determinado período e acontecimento histórico que não conheço tão bem como isso - já agora, foi quando percebi que Literatura e Línguas não era para mim que segui História :P ), porque acho que o próprio autor queria era contar uma história e não propriamente que o leitor ficasse a conhecer os seus sonhos, pensamentos e frustrações analisando cada palavra, ponto ou vírgula.
Felizmente, encontrei pessoas que pensam como eu, primeiro na faculdade, e daí para a frente também com a ajuda da internet. Tomei conhecimento de novos livros, autores e de como outras pessoas encaram a leitura e o que tiram dela. Tem sido salutar toda esta troca de opiniões e experiências tendo como base os livros, e tal como os livros, tem contribuído para o meu crescimento pessoal. Se antes desdenhava alguns géneros hoje estou aberta a novas experiências literárias; acho interessante ver como os mesmos livros podem suscitar diferentes opiniões e ao ler opiniões positivas/negativas de livros que detestei/adorei, sinto que ganho uma maior compreensão dos outros e de mim própria.
16 comentários:
*inclina-se para trás na cadeira, em espanto* Tu não gostas dos Maias?!
Eu li os Maias nas férias de verão, antes do ano em que se ia analisa-lo nas aulas e adorei-o. Mas, lá está, porque o li na desportiva, entre areia e água salgada à mistura.
Acho que aconteceu o mesmo comigo com o Memorial do Convento. O sentido de obrigação, tens de ler porque um destes dias ele ganha o Nobel, foi para mim uma das experiências mais angustiantes que tive de passar. Enfim, são gostos...
A Telma T tem razao: ler um livro por gosto ou ler porque se é obrigado faz uma enorme diferença! Um conselho: tenta ler Os Maias outra vez, agora sem a pressão de o teres que ler para a escola. É mesmo um livro muito bom!
É verdade, não gostei d'Os Maias. É um livro em que quero voltar a pegar, mas queria ler outros livros do Eça primeiro, nomeadamente A Cidade e As Serras e A Relíquia.
Muitas vezes tenho a sensação de ser uma criatura estranha por ter gostado de quase todas as leituras obrigatórias (Aparição foi o único de que não gostei mesmo nada). Mas também concordo que a análise exaustiva que, muitas vezes, se faz a nível escolar não é propriamente um estímulo à leitura. E isto é uma coisa que me fazia uma certa impressão, particularmente na poesia, já que, por um lado, é algo de tão subjectivo que me custa a aceitar a existência de uma única interpretação correcta e, por outro, sempre tive a impressão de que se dava demasiada importância à forma (análise de métrica, figuras de estilo, etc.) em comparação com o conteúdo propriamente dito.
Apesar disto tudo, descobri obras muito interessantes nos meus tempos de escola.
Ler este post, é quase como ler um pouco da minha história com os livros. Até me fez sorrir.:)
Tiveste muita sorte em ter professores que incentivassem a leitura (idenpendentemente de qual fosse) e não posso concordar mais quando falas na "exaustiva" análise das obras. Acho que quando os autores escrever os livros, querem é que as pessoas os desfrutem e não que "esventrem" todas as palavras, uma a uma. Dos três obrigatórias que mencionas, só não terminei os "Maias" e , até hoje, ainda não consegui terminá-lo. Bem que comecei a lê-lo o ano passado, mas tive de parar pouco depois das 100 páginas. Ainda vou tentar acabar a leitura, só porque sou teimosa. :)
Estou quase como a Ana :p Algumas das coisas que dizes neste post já eu pensei muitas vezes... Especialmente a parte da análise exaustiva "matar" as obras.
Um bom texto ;)
Obrigada! É bom saber que há quem partilhe algumas ideias e histórias. :)
Concordo que esmiuçar um livro retira parte do prazer da sua leitura, principalmente, como disse a Silent Raven, no caso da poesia. É tão subjectivo que é inacreditável que a interpretação oficial seja a única válida. Os alunos acabam por ser valorizados e incentivados a não questionar e não interpretar a obra literária por si próprios.
Eu abomino A Aparição. Detestei mesmo. Os Mais, nunca cheguei a ler, talvez precisamente por me sentir obrigada a fazê-lo, mas sempre achei que era uma obra exemplar, e tenciono dar-lhe outra oportunidade.
Por outro lado, adorei Os Lúsiadas (possivelmente porque o meu prof da altura era um apaixonado pela obra e grande conhecedor da mesma, muito além do programa da disciplina, e conseguiu cativar a turma para esta obra, mostrando-nos os aspectos que a tornam única e bela, e não apenas a interpretação que deveríamos fazer do texto) e Frei Luís de Sousa.
A certa altura parece que examinar um poema é um dogma e não se pode passar dali. Tentar ver coisas novas ou sentir outras coisas. Eu era uma criatura estranha por preferir o Bocage sombrio ao satírico, mas são gostos!
Eu gostei dos Lusíadas. Dei por duas/três vezes e adorei cada uma delas. :D Já o Camões lírico não gosto tanto, mas os Lusíadas é algo fenomenal. Ainda hei-de ler de ponta a ponta. :D
O Frei Luís de Sousa, não desgostei mas só depois de ver o filme a preto e branco. :)
E esqueci-me de dizer, não sei se aconteceu com mais alguém... Adormeci, em plena aula, quando estavamos a dar O Sermão de Santo António aos Peixes. Achei tão chato, tanto a obra como a análise, que adormeci mesmo, de bater com a cabeça na mesa e tudo. Nunca antes me tinha acontecido e, felizmente, não voltou a acontecer. *blushes*
"Eu era uma criatura estranha por preferir o Bocage sombrio ao satírico, mas são gostos!"
Alguém que me compreende! Eu também!
Primeiro que tudo, gostei muito do teu texto :)
Não posso dizer que tenha tido grande incentivo para a leitura na escola da parte dos professores. Li todos os livros incluídos nas leituras obrigatórias: não gostei da "Aparição", mas gostei d'"Os Maias", apesar de achar que este último teria sido bem melhor apreciado se tivesse mais uns 10 anos de experiência de leitura - e tem graça, porque conto relê-lo este ano.
Em casa, sempre tive livros. Não muitos, mas os meus pais foram sócios do Círculo de Leitores, preocupados em que eu e a minha irmã tivéssemos ali disponível livros interessados e variados. Posso dizer que até aos 18 anos não li mais do que livros juvenis, do género da Alice Vieira (com excepção das leituras obrigatórias). Depois, o facto de me terem oferecido os livros do HP e, mais tarde, LOTR, foram o pontapé de saída que me fez apaixonar seriamente pelos livros. Primeiro, fiquei agarrada ao género fantástica, mas isso naturalmente acabou por evoluir para o apreciar da literatura em geral.
Tal como tu, também não gosto de esmiuçar livros ao detalhe. Gosto de ordenar os meus pensamentos: saber o que me agradou ou não num livro, qual o tema principal, mensagens que o autor tentou passar... mas pouco mais. Leio sobretudo, por prazer. E gosto de partilhar o que achei sobre um livro, porque acho que pode ajudar alguém a decidir se o livro vale ou não a pena o tempo (e o dinheiro) que nele se irá investir. Afinal de contas, não vamos viver para sempre e é desejável ler o melhor possível :)
Posso dizer que até aos 18 anos não li mais do que livros juvenis, do género da Alice Vieira (com excepção das leituras obrigatórias). Depois, o facto de me terem oferecido os livros do HP e, mais tarde, LOTR, foram o pontapé de saída que me fez apaixonar seriamente pelos livros. O mesmo por aqui. Até aos 18 penso que só mesmo As Mulheres da Casa do Tigre sai do género juvenil, mas mesmo assim tinha uma personagem adolescente.
Não digo que me apaixonei pelos livros com HP (o LOTR só veio 3 ou 4 anos depois do HP, por altura da estreia dos filmes, apesar de há muito admirar as capas dos livros), esse lugar pertence mesmo A Lua de Joana, mas foi o primeiro livro que me fez estar acordada noite dentro de tanto que queria saber como a história acabava. :)
A minha viagem na literatura também começou com A Lua de Joana!
Nunca gostei muito de ler, mas felizmente no sétimo ano tive uma professora que se deu ao trabalho de me ajudar a escolher 500 livros comigo até acertarmos num e é aí que entra A Lua de Joana!
Eu simplesmente adorei o livro! E desde aí que nunca mais parei de ler!
E então desde que entrei na blogosfera que evolui imenso como leitora e embora ainda seja muito um escape, a verdade é que acaba por ser sempre algo mais, por me ensinar algo mais!...
Em relação à escola... Estou agora no 12º ano e a verdade é que não gostei particularmente de nenhuma das obras de leitura obrigatória, chegando a odiar Lusíadas xD... Por outro lado, ao contrário de toda a gente que odiou a Aparição, eu simplesmente adorei! (embora já não faça parte do programa de Português).
Poesia... gosto! Imenso até! Mas detesto as aulas de análise de poemas seja lá de quem for...
"Os Maias" são uma leitura que, para uma determinada idade se torna aborrecida. Seria interessante, passado anos, e sem a obrigatoriedade da leitura, tentar ler o livro.
Mas para iniciar Eça aconselho "As Cidades e as Serras".
Olinda Gil
http://insomnia.blogs.sapo.pt
Gostei muito de ler o teu texto :)
Concordo com o que muitos já disseram por aqui: não gosto nada de analisar exaustivamente livros! Ainda assim, curiosamente, o último livro que foi para apresentar à turma e por isso dediquei-me um pouco mais a analisá-lo. Surpreendentemente, não desgostei. (é claro que também não foi uma análise muito detalhada)
E quanto ao teu último parágrafo, tem vindo a acontecer o mesmo comigo. Fico extremamente satisfeita por visitar blogs como este que vão mudando a minha forma de encarar a leitura :)
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