Autor: Eça de Queirós
Género: Romance
Editora: Livros do Brasil | Nº de páginas: 269
Nota: 4/5
Opinião: Li este livro no âmbito de uma Leitura Conjunta, uma iniciativa do fórum Estante de Livros. Não participei muito na discussão, já que problemas fizeram com que não dedicasse a atenção suficiente ao livro e não lesse os contos no prazo definido, mas isso não quer dizer que não tenha gostado. Antes pelo contrário, adorei.
A minha primeira incursão em Eça foi, como acontece com quase todos os jovens, com a obra Os Maias. Não quer dizer que a história não seja boa, mas quando o li, ou tentei ler porque fiquei-me pelo quarto capítulo, não tinha a maturidade ou a paciência suficiente para aquele tipo de leitura. Era mais virada para livros menos descritivos e um pouco mais fantasiosos, como As Mulheres da Casa do Tigre da Marion Zimmer Bradley, autora que, por incrível que pareça, agora não consigo ler, ou sou eu que tenho algum tipo de problema com As Brumas de Avalon… Mas onde é que eu ia? Eça era muito romântico e descritivo para meu gosto, apesar de gostar da sua prosa. Ainda me lembro de como fiquei maravilhada com a descrição do Ramalhete, mas tirar apontamentos e ler, dissecar as palavras usadas, ter a obrigatoriedade de ler o livro tira algo à leitura e era muito aborrecido.
Apesar, de como disse a início, ter lido no âmbito de uma leitura conjunta, resolvi não o enfrentar como uma “tarefa escolar” mas lê-lo, como leio todos os outros livros, fazendo depois uma pequena apreciação, como as que tenho feito aqui. Posso dizer que redescobri Eça! O seu humor, a sua sátira e crítica, o seu toque de génio ao apresentar-nos as personagens, que desde logo se tornam nossos grandes conhecidos, é fantástico.
Adorei sobretudo o conto “Civilização”, que depois terá dado origem ao livro A Cidade e as Serras que conto ler em breve, e acho que ainda hoje é bastante actual. Eu pelo menos revi-me nele. Jacinto, que se encontrava rodeado de todas as grandes obras literárias das maiores civilizações alguma vez existentes e rodeado da melhor tecnologia, só se sente satisfeito quando, pela primeira vez, entra em contacto com a vida do campo, com a ruralidade. Uma excelente sátira ao mundo do séc. XIX, quando se dá um grande avanço no que toca a inovações tecnológicas, e mostrando a futilidade destas invenções valorizando antes o trabalho e o ar no campo, o contacto com a Natureza, que se perdeu entretanto.
Outro conto, de que gostei particularmente, foi “Adão e Eva no Paraíso”, onde penso que Eça faz um bom trabalho ao juntar a história bíblica da Criação com a teoria evolucionista de Darwin. Achei curioso Adão “nascer” caindo de uma árvore e como ele fica com a morte, já que é ele (o homem) que caça enquanto Eva (a mulher) gera vida, não só no seu útero mas semeando, bem como acolhendo e domesticando animais.
Gostei de Eça.
3 comentários:
Eça é delicioso! Continuo a achar que "Os Maias" não deveriam ser leitura obrigatória na escola, pelo simples facto que a maioria dos jovens dessas idades não consegue apreciar devidamente esta obra magnífica - o que faz com que a leitura obrigatória tenha precisamente o efeito contrário ao esperado, que seria incentiva a leitura.
De qualquer modo, a leitura destes Contos fez-me ter vontade de pegar no Eça de novo, que era um escritor extraordinário.
Adoro Eça!
É dos poucos escritores portugueses que me leva a ficar horas e horas completamente "agarrada" às suas obras.
Este livro de contos ainda não tenho mas decididamente tenho de o adquirir em breve :)
Eu devo confessar que fiquei fascinada com Eça e quero ler mais. Já tenho A Relíquia e acho que A Cidade e as Serras está em casa dos meus avós. Também tenho Os Maias mas acho que os vou deixar mais para o Verão, para o período de férias, em que dá para entregar todo um dia à leitura... :)
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