Género: romance
Editora: Publicações Europa-América | Nº de páginas: 301
Nota: 2/5
Resumo (do livro): A acção deste clássico da literatura inglesa decorre num ambiente rude e agreste, tendo como paisagem os montes de Yorkshire, onde Emily Brontë viveu durante muitos anos.
Por isso, o drama de O Monte dos Vendavais atinge o cume de uma autobiografia em que a infância e a adolescência de Emily, carregadas por uma imaginação fantástica, desempenham lugar de relevo no desenrolar desta história. A paixão de Catherine e o amor de Heathcliff assinalam de forma flagrante o fio romanesco desta obra.
Opinião: Este é um daqueles livros de que sempre ouvi falar, tenha sido por já terem sido feitas adaptações para cinema e televisão, algumas até trazendo a história até aos nossos dias, terem sido escritas músicas ou por simplesmente ser considerado um dos maiores clássicos ingleses de sempre. Apesar das várias adaptações, só conhecia mesmo a música da Kate Bush, que até é uma das minhas músicas preferidas, pelo que parti para o livro sabendo pouco da história mas com altas expectativas… que foram defraudadas.
Convém dizer que este livro há muito que fazia parte da minha pilha de livros e por lá a estas horas continuaria não fosse a Canochinha ter sugerido uma Mini Leitura Conjunta. Como a primeira tinha resultado e mostrou-se interessante (de resto como todas as Leituras Conjuntas em que participei mais activamente), lá parti então à descoberta deste livro cuja história começa em 1801, quando Mr. Lockwood decide arrendar a Granja dos Tordos e visitar o seu senhorio, Mr. Heathcliff, habitante do Monte dos Vendavais. Conhece então um grupo peculiar e com estranhas relações, para além de ver um fantasma. Algo fascinado por tudo isto, Lockwood decide pedir à sua governante, antiga habitante do Monte, para contar a história que nos chega então por mãos terceiras.
Tenho de começar por dizer que não gostei do livro sobretudo por não conseguir relacionar-me com as personagens principais, Heathcliff e Catherine I, não percebendo o que os motiva já que parecem bastante mimados e arrogantes, querendo ver todos à sua volta infelizes porque eles se sentem infelizes. Isto é sobretudo notório com Heathcliff, já que quase toda a trama se centra nele e na sua vingança. Mas as personagens secundárias também não se escapam, já que um par delas se revela estúpido e outro par é quase tão insípido que nem sei se gostei ou não. Escapam-se Catherine II mas sobretudo Hareton, que no meio das adversidades conseguem arranjar algo de positivo a que se agarrar, não cedendo perante a adversidade e a maldade dos outros, e mantendo os seus espíritos abertos para o amor.
Também achei quase todo o livro desprovido de sentimento. Sempre ouvi dizer que este era um dos mais belos romances da literatura, mas eu não senti nada. Nem mesmo quando Heathcliff profere as suas célebres palavras:
"Como posso eu viver sem a minha vida?! Como posso eu viver sem a minha alma?!".Leio-as, mas não sinto emoção por detrás. Não sinto o amor, a obsessão de que tanto falam. Para mim soam como palavras ditas sem alma, se é que me conseguem compreender, como se estivesse a ver maus actores que não sentem o que pretendem demonstrar. Penso que esta falta de sentimento talvez se deva à experiência de vida da autora que, segundo me pareceu, seria a mais sossegada das irmãs Brontë e penso que nunca se lhe conheceu algum amante ou objecto do seu amor, como aconteceu com Charlotte.
Apesar de tudo isto, posso dizer que gostei do ambiente gótico que rodeia a acção, assim como das descrições, sobretudo quando as condições atmosféricas pareciam desencadeadas pelo que sentiam as personagens. Diga-se que só assim conseguia também eu sentir alguma coisa na primeira metade do livro… Gostei também da narração, em que parece notar-se igualmente o cunho da autora já que sairia pouco e seria assim que ela era informada do que se passava na região que habitava, apesar de a culpar em parte pelo afastamento que senti em relação à dupla de personagens principais. Tendo em conta que a história é contada por Nelly, nota-se alguma parcialidade desta em relação às personagens e penso que algum do preconceito e do favoritismo pode ter passado para mim como leitora e receptora da sua história.
Finalizando, é um livro que se lê bem, ainda que custasse a pegá-lo sempre que o punha de lado por não me sentir ligada nem a personagens nem à história, ainda que esta vá sendo desenvolvida em crescendo (achei a última parte bem mais interessante) sem, no entanto, realmente atingir um clímax. Todas as personagens têm o que merecem e penso que assim encontram todas o seu final feliz.
3 comentários:
Na minha opinião é um livro simplesmente fabuloso!
Não é um livro de leitura muito fácil, de facto, devido a um enredo muito intrincado e a esse tom melancólico. Mas é um livro que tem uma força tremenda.
Um dos melhores que li até hoje.
Quanto mais penso neste livro, mais chego à conclusão de que provavelmente o li na pior altura. Penso que pelas notas e críticas que tenho feito a diversos livros que li este ano, dá para perceber que tenho tentado procurar nos livros um escape ao dia-a-dia. Este título não será o melhor para ler para escapismo, assim como outros clássicos. Muitos deles exigem que se ponha muito da nossa pessoa na leitura e talvez tenha sido isso a faltar e a justificação para não ter sentido o amor e a obsessão dos protagonistas. Posso ter resguardado-me um pouco (até porque os clássicos costumam exigir muito de mim, relembro o livro da Elizabeth Gaskell e de Dumas que me deixaram um verdadeiro farrapo depois de os ler, por terem sido tão vividos por mim que custou-me muito voltar a guardá-los quando cheguei ao fim) e talvez não o tenha apreciado verdadeiramente por esse motivo. Há sempre uma altura certa para alguns livros e pode dar-se o caso de esta época não ter sido a mais propícia.
Será um livro a reler.
Sim, mas aconselho-te a não forçares. Os livros valem o que nós quisermos que valham. E o que é uma obra-prima para a um (ou para a maioria) não tem de ser para outro.
Quanto à influência que os livros, às vezes, têm sobre o nosso espírito, isso acontece-me com frequência, mas não necessariamente os clássico. Há um autor que, definitivamente, me deixa "de rastos": António Lobo Antunes. É genial, soberbo! É Nobel, costumo dizer. Mas aquela tristeza tão bela, aquela melancolia musical, aquele tom profundo, cheio de alma... aquilo afecta-me e de que maneira.
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