14 de maio de 2009

Lolita

Autor: Vladimir Nabokov
Género: Romance
Editora: Biblioteca Sábado | Nº de páginas: 279
Nota: 4/5

Resumo (da capa): Humbert Humbert é um professor de meia-idade e Lolita, a filha da sua senhoria, é uma jovenzinha de doze anos perturbadoramente bela e provocante. Com estes elementos foi construída a história da obsessão amorosa mais famosa do século XX, um apaixonante romance de amor que abala todas as consciências ao destapar a poderosa e «perversa» atracção que podem exercer as denominadas «ninfitas». Este itinerário desenfreado pelas estradas da loucura e da morte, que mergulha nas paixões humanas até as levar ao extremo, é também um retrato devastador dos Estados Unidos de meados dos anos cinquenta, com os seus horrores suburbanos e a sua triunfante subcultura.

Opinião: Este é um daqueles livros que, não fosse pela Leitura Conjunta do fórum Estante de Livros, jamais me passaria pela cabeça lê-lo, não devido ao tema que aborda mas porque nunca foi livro que me chamasse verdadeiramente a atenção, apesar da influência que teve e ainda tem na cultura popular (relembro agora um caso em que uma loja teve de deixar de vender camas para meninas já que a linha tinha como nome “Lolita”).

Neste livro, seguimos o relato de Humbert Humbert, que se encontra preso, e que se dispõe a apresentar a história, do que o levou até aquele lugar, ao jurí (ou ao leitor). Humbert conta então que tem um trauma de infância devido a um amor nunca concretizado, em termos sexuais, e que o terá levado a desenvolver uma atracção por “ninfitas” que o próprio descreve:
Entre os limites etários dos nove e dos catorze anos ocorrem donzelas que, a certos viajantes enfeitiçados, duas ou muitas vezes mais velhos do que elas, revelam a sua vera natureza, que não é humana, e sim nínfitica (isto é, demoníaca) – criaturas eleitas que me proponho adesignar por “ninfitas”.
Conhecemos então a “ninfita” de 12 anos que mais o deslumbrou e maravilhou, Dolores ou Lolita, ao ponto de se tornar uma obsessão e, talvez mesmo, amor.

É claro as várias tentativas de Humbert de se desculpar, de justificar a sua atracção e os actos cometidos, nomeadamente, com Lolita. É aqui que surge a discussão. Seria Lolita uma criança assim tão inocente? Podemos condenar Humbert pela sua inclinação, quando já no passado outras figuras (que o próprio nomeia no seu relato) exibiam a mesma predilecção? Quando havia mesmo casamentos reais, em que os noivos tinham uma grande diferença de idades? Este livro coloca assim várias questões do ponto de vista moral que ainda são muito actuais, numa época em que surgem cada vez mais noticiados os crimes de pedofilia, e a própria escrita de Nabokov, que é fantástica, diria mesmo bela, convida à ponderação, mais não seja por a escrita ser de tal modo envolvente que, só recordando e discutindo o tema, se torna a nossa posição mais nítida e por vezes contrária aquela que tínhamos durante a leitura (onde, por defeito, nos aproximamos mais facilmente das ideias e ideais do narrador).

A história, apesar de tudo, parece esmorecer a partir de determinado ponto, com o narrador a repetir-se com alguma frequência, nomeadamente na segunda parte. Não deixa de ser interessante, já que nos apresenta um mundo saído do pós-guerra, onde o tema da sexualidade se encontrava em debate, e podemos ver também uma crítica à classe médica, nomeadamente à psiquiatria que Humbert (ou Nabokov, através da sua personagem) parece desdenhar.

5 comentários:

Célia disse...

Engraçado como o facto de termos lido este livro em leitura conjunta acaba por influenciar a forma como o compreendemos/apreciamos. Pessoalmente, sinto que faço uma leitura muita mais rica e detalhada... e há livros, como este, em que isso vale realmente a pena.

lili disse...

Como vc, nunca tive curiosidade em ler esse livro. Mas teu comentário aguçou minha curiosidade...
Apesar do tema denso, como vc mesma disse, é um assunto muito atual. Acho que vale mesmo a pena lê-lo.

Obrigada pela dica!
Lili

WhiteLady3 disse...

Canochinha, também achei o mesmo. Gostei de ler as várias opiniões, por vezes algo díspares, já que a leitura sendo um acto pessoal toca as diferentes pessoas de várias formas. Achei curioso ver o que cada um de nós destacava na leitura e defender a sua posição. Também não deixou de ser interessante ver como quase todos os membros do sexo feminino tinham a mesma ideia, enquanto que o sexo masculino tendia mais para a visão do narrador.

Lili, de nada! Espero que se vieres a pegar nele, que gostes da leitura. ;) Leva-nos a pensar bastante e mesmo a ponderar se as crianças e jovens serão assim tão inocentes...

Mónica disse...

Como já tinha manifestado opinião no "Estante de Livros", li este livro há já algum tempo e não foi um livro que gostasse. Podia mesmo ter passado a minha vida sem o ler.
Nem a escrita, nem o tema, nem a forma como a história foi contada (e enrolada em muitos pontos) me cativaram em ponto algum daquele livro.

WhiteLady3 disse...

Acho que partilharia a tua opinião se não o tivesse lido dentro desta iniciativa do fórum. Geralmente não reparo muito no estilo da escrita, mas para uma leitura conjunta havia que reparar em todos os detalhes e confesso que a escrita me surpreendeu. Mas a segunda parte é mesmo enfadonha, muito enrolada, e a meio também pensei que podia ter passado sem o ler.

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