14 de julho de 2012

Hamlet (1996)

Diretor: Kenneth Branagh
Adaptação de Hamlet de William Shakespeare por Kenneth Branagh
Atores: Kenneth Branagh, Kate Winslet, Derek Jacobi, Julie Christie

Mais informação técnica no IMDb.

Quando e onde o vi: 30/junho/2012 no AXN White. Vi o filme no âmbito da Temporada William Shakespeare.

Opinião: Depois de ver o “Hamlet” do Zefirelli com o Gibson, tive a oportunidade de ver o do e com o sir Kenneth Branagh, que por acaso deu num dos canais da cabo. Andava eu a chorar pelos cantos que não encontrava o DVD e eis que me dizem no twitter “OLHA O HAMLET DO BRANAGH NA TV!” Ok, talvez não o tenham dito em maiúsculas mas foi assim que as li. E já agora deixem que vos diga meus amigos, este tipo de coincidências assusta! Mas ainda bem que as há! :D

Depois de agradavelmente surpreendida pela representação do Mel Gibson, que me deu uma outra visão da personagem que dá nome à peça, as expetativas para esta adaptação eram altas e se não foram atingidas, não ficaram muito longe. Não vou dizer que é melhor que a outra, não o achei, mas foi uma outra visão igualmente interessante e mais próxima do que imaginei ao ler, da minha própria interpretação do texto.

Achei Hamlet mais frio e calculista, gostei bastante de Horácio, Gertrudes pareceu-me um pouco mais inocente e não tão arrebatada pelo filho, como acontece na adaptação de 1990 onde há mesmo uma cena, quando Hamlet confronta a mãe, que quase parece uma violação, sendo a relação deles bastante edipiana (até porque a Glenn Close é pouco mais velha que o Mel Gibson, salvo erro, e achei por isso o casting estranho, mas é a Glenn Close e ela é grande em tudo o que faz e a relação acaba por resultar no filme). Claudius pareceu-me também mais cruel, Polónio não tão anedótico e Ofélia ainda mais quebrada, mais digna de dó. Achei curioso que tenham optado por mostrar a relação de Ofélia e Hamlet como sendo de cariz sexual e tendo sido a relação consumada, o que de certa maneira contribuiu para perceber um pouco melhor a sua demência no final. Ela acaba por ser uma mulher usada por Hamlet, pensando que é amada mas talvez não tanto, ou pelo menos aqui fiquei, mais uma vez, com a sensação de algo mais efémero como paixão ou desejo, e por seu pai, na medida em que é usada para tentarem perceber o que levou Hamlet à sua suposta demência. Para além disto, imagino-a sentindo-se culpada por não ter dado ouvidos ao que o pai e sobretudo o irmão tinham dito de Hamlet, e culpada por julgar que se deve a ela a demência dele. Continuo a achar que se há alguém que Hamlet ama é o pai, mas também Horácio e ele próprio.

Apesar de ser uma tragédia escrita nos finais do séc. XVI/XVII, salvo erro, e de retratar possivelmente uma história medieval, o cenário e roupagens mais modernas não me chocaram, até porque esta história, e outras do mesmo autor pelo que me começo a aperceber, são intemporais e qualquer que seja a época os temas continuam a ser válidos e atuais.

Os atores também são fantásticos, mas tenho de me confessar algo parcial. Não me canso de ver o Kenneth e a Kate Winslet, que são dos meus atores preferidos. Foi uma surpresa ver o Billy Cristal, o Charlton Heston como um dos atores da peça dentro da peça, ter um vislumbre da genial Judy Dench e o Robin Williams.

Este é um filme longo, tem cerca de 4 horas, já que se trata da representação de todo o texto ipsis verbis, mas é por demais interessante. Vi-o durante a madrugada e não adormeci(!), como aconteceu, por exemplo, com o "Scoop". Levantar-me para ir trabalhar no domingo de manhã é que foi pior. The things I do for my Shakespeare season...

Veredito: Vale o dinheiro gasto. Aconselho, mas vai daí eu aconselho tudo o que tenha ou seja do Kenneth Branagh, mesmo que seja algo que não tenha visto. É dos meus atores de Shakespeare favoritos. Agora é ir à procura do seu “Henry V”...

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