15 de dezembro de 2010

Flashman, a odisseia de um cobarde (Flashman, Livro 1)

Autor: George MacDonald Fraser
Género: ficção histórica
Editora: Saída de Emergência | Nº de páginas: 256
Nota: 3/5

Resumo (do site Goodreads): Ele é um mentiroso, ele é um cobarde, ele seduziu a amante do próprio pai. Ele é Harry Flashman e esta é a sua deliciosa odisseia. Dos salões vitorianos de Londres às fronteiras exóticas do Império, prepare-se para conhecer o maior herói do Império Britânico. Pode um homem que foi expulso da escola por andar sempre bêbado, que seduziu a amante do próprio pai, que mente com quantos dentes tem e é um cobarde desavergonhado no campo de batalha, protagonizar uma série de triunfantes aventuras na era vitoriana? A escandalosa saga de Flashman, herói e soldado, mulherengo e agente secreto relutante, emerge numa série de memórias campeãs de vendas em que o herói gingão revê, na segurança da velhice, as suas proezas na cama e no campo de batalha.

Opinião: Sendo fã da série Sharpe (série televisiva e livros da autoria de Bernard Cornwell), este livro suscitava alguma curiosidade ainda que se focando num tipo de herói bastante diferente. Flashman é egocêntrico, cobarde e decide, na velhice, escrever as suas memórias, que são posteriormente encontradas numa caixa de chá, talvez guardados por algum familiar envergonhado.

Gostei da narração na primeira pessoa e da ideia do autor pegar numa personagem de outra obra e imaginar como teria sido a sua vida, mas não adorei o livro como esperava. Para começar, a maneira como ele trata as mulheres é algo deplorável, ainda que não deixe de ser bastante credível se tivermos em conta a época, a situação e o carácter da personagem (e confesso, fiquei satisfeita com o final, julgo que tem o que merece). Também não achei a história assim tão engraçada e hilariante, como havia lido em outras críticas. Onde ganha é, sem dúvida, ao descrever o início da Primeira Guerra Anglo-Afegã (1839-1842) sobre a qual nada sabia. É-nos dado a conhecer um pouco do domínio inglês no continente asiático, nomeadamente na Índia de onde avançaram posteriormente para o Afeganistão, derrubando o reinante anterior e colocando no seu lugar um “fantoche” britânico de modo a impedir que o Império Russo ganhasse domínio sobre o território de onde poderia depois assaltar a Índia britânica.

Flashman, tendo sido expulso do colégio, resolve ingressar no exército, esperando uma vida calma e cheia de glamour, por assim dizer, mas um revés no seu destino manda-o para Ásia onde se vem a encontrar no meio (literalmente) do conflito latente entre afegãos e anglo-saxónicos. O protagonista leva-nos então a conhecer as personagens que foram decisivas à eclosão do incidente, e se algumas sobressaem pela astúcia, outras revelam-se cegas à situação que se encontrava à sua volta e que as terá levado a tomar as piores decisões possíveis. Relata massacres, torturas e cercos; conta-nos como se sentia em cada uma dessas situações pelo que, apesar de um carácter detestável (que o próprio reconhece), até compreendemos e nos compadecemos dele. Felizmente Flashy tem uma sorte do caraças e cada infortúnio acaba por se revelar um momento de glória.

Não fiquei propriamente fã mas ainda assim sou capaz de seguir o resto da série, mais não seja para aprender e descobrir um pouco mais sobre os conflitos em que o exército inglês esteve envolvido no séc. XIX.

Uma notinha para esta edição, não se perdia nada em diferenciar notas de tradução e notas do autor. Talvez usar numeração romana, ou colocar um dos tipos de nota a negrito, ou mesmo mencionar no início que existem dois tipos de notas e onde se pode encontrar cada uma (no fundo na página e no final do livro). Algo que não confundisse e não fizesse o leitor andar feito barata tonta.

3 comentários:

NLivros disse...

Quando as expectativas são altas, geralmente, a decepção ainda é maior.

Aconteceu comigo com a obra do George Martin. Li dois livros e não achei nada de especial, aliás, aquilo é um hino ao "como escrever dois livros sem contar quase nada".

WhiteLady3 disse...

É verdade, tenho de começar a refrear os ânimos quando pego num livro, mas não deixa de ser um retrato interessante dos conflitos que tiveram lugar no séc. XIX.

Adorei Martin. Acho que as personagens e a intriga estão muito bem conseguidas, mas antes de ler os livros tentei não ler muitas críticas. Talvez seja por isso que esteja a adiar a leitura dos outros 4 volumes, falam tão bem do 3º e 4º que tenho medo de ficar desapontada. :/

Mónica disse...

Tive o mesmo sentimento que tu. Achei a personagem principal absolutamente asquerosa!

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