Autor: William Shakespeare
Ficção | Género: peça de teatro - tragédia
Editora: Project Gutenberg | Ano: escrito em 1603? | Formato: e-book | Nº de páginas: - | Língua: inglês
Como me veio parar às mãos: tal como Hamlet tenho uma edição em português, que conta com mais peças do autor e que faz parte de uma coleção, mas acabei por fazer download das obras completas no site do Projecto Gutenberg.
Quando e porque peguei nele: 24/junho/2012. Estava para pegar no Romeu e Julieta mas de repente apeteceu-me algo violento e com gore para combinar com a minha disposição e paciência para pessoas, que sinceramente não tem sido muita. Conta para os desafios: Temporada William Shakespeare.
Opinião: Depois de ter lido, aparentemente, a sua peça mais longa, eis que agora li a mais curta. Mas por ser mais curta não quer dizer que seja menor. É certo que não achei a sua escrita tão poética, e por isso continuo a preferir Hamlet, mas esta tem outros pontos de interesse, nomeadamente por mostrar o que poder e a ambição podem fazer a um homem.
Macbeth aparenta ser um homem justo e leal ao seu soberano até que encontra três bruxas que lhe dizem que está fadado a ser rei. As três bruxas lembraram-me as Parcas, de certa forma representando passado, presente e futuro, e girado a Roda da Fortuna, decidindo ou contribuindo para os destinos dos mortais. Neste caso, o encontro como que implanta a ideia de assassínio na mente de Macbeth. No entanto, e tal como Hamlet, dúvidas assaltam a sua alma, sendo que Macbeth acaba por se assemelhar a um homem perante um precipício. É a sua esposa, Lady Macbeth, que acaba por lhe dar o empurrão final, colocando em marcha acontecimentos que vão, como não podia deixar de ser, contribuir para os seus fins.
Sobre Lady Macbeth, uma das personagens que mais gostei, apesar de tudo, falará uma convidada especial, mas gostaria de salientar que apesar de achar que teve o que merecia, não deixei de sentir pena quando enlouquece e se suicida. Apesar de aparentar ser mais forte que o marido levando-o a cometer atos atrozes, é a primeira que sucumbe ao sangue dos inocentes que mancha as suas mãos e que teima em não sair. Mas se esta personagem parece que sempre foi má ou pelo menos mais ambiciosa, já não diria o mesmo de Macbeth, que vai aos poucos e poucos afundando-se na sua sede de poder.
De notar que, tal como em Hamlet, são seres sobrenaturais que colocam em marcha a história, aqui com a premonição das bruxas e que me leva a questionar se Macbeth faria o que fez se não as tivesse ouvido. E mesmo tendo ouvido, porque achou necessário agir daquela forma? Também é feita uma premonição sobre o seu companheiro Banquo e ele nada faz. Para dizer a verdade acho curioso este tipo de histórias, que remonta a tantos séculos atrás como até à Antiguidade Grega, onde outras histórias têm base em premissas semelhantes: premonições, visões do futuro que levam pessoas a agir e a concretizar o profetizado, mesmo que tentassem evitar o futuro como havia sido escrito. Isto leva-me a questionar se está o futuro realmente escrito ou se cada um faz o seu destino com as suas escolhas, pois apesar de o futuro nos ser contado continuamos a ter escolhas: encetar ações para o cumprir ou continuar como até ali, esperando que o profetizado se cumpra? Food for thought, indeed...
Enfim, esta é uma história bastante mais negra, acabando por revelar o que de pior há no homem. Mas ao mesmo tempo, há sinais de esperança, numa luz na noite, num herdeiro exilado, numa personagem que por sofrer com a morte da sua família não deixa de ser viril (também já em Hamlet o choro era considerado coisa de gaja). Este é outro tema recorrente, sobretudo na relação entre Macbeth e sua mulher, em que esta perante as indecisões e medos daquele acusa-o de falta de virilidade, mas Macduff mostra então o contrário.
Os opostos são uma constante nesta peça que agora quero ver representada. Não sei se há alguma adaptação cinematográfica ou televisiva, mas com toda a superstição que há por detrás até gostaria era de ver a peça sobre o escocês no teatro.
Veredito: Para ter na estante. É que não há dúvida nenhuma. Não sei quanto às comédias e outros escritos de Shakespeare mas as tragédias são seguramente para guardar, ler, reler, ver e rever.
Há de seguir-se: ?
4 comentários:
Eu tenho as obras completas de Shakespeare em inglês mas confesso que ainda não lhes peguei... mas fiquei curiosa depois de ler a tua critica. :-)
Ontem consegui encontrar as Completed Works na Fnac! Eu estou a adorar a escrita do homem! Agora ando a ler o Romeu e Julieta e tem passagens tão lindas!
Já o li várias vezes e continuo sempre com vontade de o ler de novo...
Eu consigo imaginar-me a reler várias vezes, é magnífico.
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