18 de outubro de 2014

The Iron Seas #0.4 a 3

Aviso à navegação, isto vai ser longo. Se não quiserem ler tudo, no final têm um resumo. :D

Autor: Meljean Brook
Ficção | Género: Steampunk
Editora: Berkley | Ano: 2010 a 2012 | Formato: livros e e-books | Nº de páginas: várias... | Língua: inglês

A série no Goodreads

Opinião: Estava resolvida a continuar esta série, até porque o novo livro saiu este ano em 8 partes e vai sair agora publicado numa só edição em novembro. No entanto, tendo em conta que me apercebi que não tinha lido alguns contos, queria reler os livros anteriores e, por uma qualquer razão, não estava a conseguir entrar no terceiro volume, lá dediquei o último mês a esta série. 

Comecei pelo conto The Blushing Bounder que, apesar de cronologicamente anterior aos restantes, não servirá de modo algum como introdução a este mundo, aprofundando apenas o conhecimento de algumas personagens, no caso o Constable Newberry, com que nos cruzamos no primeiro livro da série e a diferença entre "bounders" e "buggers", dois termos que identificam duas realidades e duas mentalidades bastante diferentes e que, de certa forma, definem este mundo. Por isto, é aconselhado que realmente já se tenha lido o primeiro volume, até porque pouco ou nada se perde em não ler este conto. É fofinho, sim, mas muito pouco explorado em termos de personagens e situação, sendo esta última rapidamente resolvida. 

Seguiu-se outro conto, Here There Be Monsters, que em 2011 me deu a conhecer esta história alternativa, assim como o entusiasmo contagiante da Telma que recomendou a série. Nem por isso é um conto em que se entra bem pois, como acontece com muitos livros de Fantasia e Ficção Científica, somos como que despejados num mundo em que temos que perceber como este funciona mas acaba por valer o esforço de ler com bastante atenção. Apesar de seguirmos a história de Mad Machen e Ivy, somos também apresentados a outras personagens que aparecem como protagonistas em algumas das histórias que se seguem, e a algumas que espero vir a conhecer, como o Blacksmith. A relação entre Machen e Ivy pareceu-me melhor explorada que a do conto anterior e, no geral, a história acaba por ser também ela bem mais emocionante. Para quem quer dar um saltinho a este mundo steampunk, este conto parece-me ser a melhor escolha (e aconselhado pela própria autora) porque mostra exatamente o que esperar das restantes histórias, já que de certa forma a fórmula se repete. E isto não é uma crítica negativa, todo o livro com uma forte componente de romance acaba por ser semelhante, mas tudo o resto dá um cunho bastante original e a história deste conto fez-me querer ler os restantes.

Já depois de ter lido tudo me apercebi que havia um outro conto, The Hook, disponível no site da autora. Este não tem romance mas acaba por ser uma (muito) pequena história engraçada de ler, com Mina e o Constable Newberry. Até gosto da interação entre ambos e não me importava de seguir alguns dos casos que os dois encontram.

Chegamos então ao primeiro livro editado, o The Iron Duke. Tive oportunidade de falar dele no blog da Telma (aqui e aqui) e com as meninas do Clockwork Portugal, pelo que pouco mais tenho a acrescentar. De facto, foi curioso mas ao reler tanto os livros como os contos fiquei com a mesma sensação que tive ao ler da primeira vez. Ok, talvez tenha ficado irritada mais depressa com as atitudes dos alpha males, que muitas vezes são de revirar os olhinhos e desejar dar-lhes bofetadas na cara com uma cadeira para ver se deixam de ser estúpidos, mas as personagens femininas compensam alguma dessa idiotice. Mina, a protagonista deste livro, é um bom exemplo sendo alguém que chegou ao cargo que ocupa por o merecer, ainda que tenha o mundo contra si por ter traços mongóis e ser assim vítima de vários insultos e mesmo racismo. Ao longo deste livro, mais que a relação entre as personagens, é sobretudo explorado este mundo, sendo então dado a conhecer o que levou ao domínio da Horda Mongol, como é que a Inglaterra ficou livre desse domínio e as consequências de tal coisa. 

Muito basicamente, há uma evolução tecnológica a oriente e a Horda Mongol desenvolve muito cedo a nanotecnologia, aproveitando o comércio do açúcar e do chá para contaminar a população europeia com nanoagentes que vão transformar pessoas em zombies ou controlar as emoções de outras através de um sinal de rádio para que não se manifestem contra o regime. Isto tudo para conseguirem acesso livre a matérias-primas, como a madeira, e mão-de-obra barata. Os que conseguem fugir à invasão assentam arraiais no Novo Mundo, onde formam colónias que prosperam mas onde há também alguns conflitos e tensões para fortalecer posições. Se quiserem, podem ficar a saber mais no site da autora

Tanto o livro como o conto Mina Wentworth and the Invisible City, mostram então como é que os personagens aprendem, sobretudo, a lidar com as emoções que entretanto descobrem e tanto os domina, seja ele o amor ou o medo de perder quem amam. Convém também dizer que estes livros têm uma personagem que devia ter o seu próprio livro! Scarsdale! <3 

O segundo livro, Heart of Steel, continua a ser o meu preferido. Tem duas das personagens que mais gosto (para além do Scarsdale), Yasmeen e Archimedes, e a química entre eles é do melhor que há. Archimedes, felizmente, não é um alpha male e deixa Yasmeen, que não tem nada de damsel in distress, ser quem ela é sem se sentir inferior ou ameaçado por ela. No entanto este livro tem um defeito e nesta segunda leitura voltei a sentir isso. Há uma crescente tensão enquanto se vão aproximando de Rabat, já que Archimedes é afetado pela torre daqueles local, mas de repente está tudo resolvido. Acabamos por não ver como é que ele, ou qualquer outra pessoa, é afetado pelas ondas de rádio e, num mundo tão bem construído e que a cada livro nos apresenta algo mais, acabou por saber a pouco. É por isso a única coisa que tenho a apontar porque de resto, como disse, a química é excelente e acaba por ser um livro de aventura com cheirinho a Indiana Jones. :D 

Um bocadinho abaixo está o conto Tethered, pois se acaba por mostrar o que eu queria ver no livro que o antecede, Archimedes com as suas emoções dominadas pelo sinal de rádio da Horda e que nos ajuda a perceber porque é que ele é uma espécie de "adrenaline junkie", já a Yasmeen pareceu faltar alguma coisa, alguma força interior e impetuosidade que tanto estava presente nas histórias anteriores. Mesmo assim é um bom epílogo de Heart of Steel

Por fim, li Riveted, que espero venha a ser um sinal de que pode haver livro do Scarsdale. :D Sim, gosto mesmo do personagem e quero TANTO conhecer a história dele. Ele não entra neste livro mas um dos temas que aqui é abordado pode e deve ser explorado numa história com o Scarsdale. Este livro centra-se em Annika e David, personagens que não têm qualquer ligação com as dos que conhecemos até agora, e a história tem lugar num cenário completamente diferente, na Islândia. Apesar de, mais uma vez, ter gostado bastante, tenho de confessar que não me cativou como os restantes. Ainda pensei que fosse alguma saturação, por ter lido tudo de enfiada, mas acho que não. Annika, apesar de uma mulher forte e de feitio único, com uma mente muito aberta, acaba por ser muito pouco interessante quando comparada a Yasmeen ou Mina. Não senti grande empatia para com ela mas a sua relação com David pareceu-me bem conseguida, ainda que ande ali à volta do confio/não confio, não havendo grande tensão como com os casais anteriores e aborrecendo um pouco ao fim de algum tempo. A tensão vem mais do segredo que ela guarda e acabo por questionar se a história não teria sido mais empolgante se seguisse a irmã dela. :/ Isto não quer dizer que seja um mau livro mas tendo em conta os anteriores esperava algo mais. Em termos do mundo, o alargamento a zonas até aqui pouco ou nada exploradas e mostrando comunidades que vivem segundo princípios muito próprios, assim como o efeito da chegada dos europeus ao continente americano (ainda que de forma muito subtil através da família de David) foi uma aposta ganha, a meu ver. 

Ficam ainda um conto e um livro por ler, mas até agora esta série tem tido mais altos que baixos e, consequentemente, tem sido muito agradável descobrir este mundo onde o steampunk reina e onde há vapor por todo o lado, seja gadgets ou relações. :) 

Veredito: Vale o dinheiro gasto mas no conjunto acaba por ser Para ter na estante. Para quem não teve paciência para ler tudo, fique a nota de que apesar de estes livros terem uma forte componente romântica, que isto não afaste um potencial leitor! É certo que tem cenas (muito) quentes e pares amorosos, mas tem tão mais que isso!

O worldbuilding é excepcional, muito detalhado e deixa uma pessoa curiosa por descobrir mais sobre o mesmo. Em alguns dos livros que tenho lido, o steampunk é quase unicamente um artifício para justificar a existência de alguns gadgets, enquanto que nesta série é uma parte fundamental deste mundo, define-o e levanta várias questões que são exploradas ao mesmo tempo que o romance. Há um bom desenvolvimento das personagens, já que é necessário confrontarem medos interiores e ultrapassar alguns obstáculos que levam ao tão esperado final feliz. Destacam-se sobretudo as personagens femininas que fogem do modelo damsel in distress e que de certa maneira leva com que os personagens masculinos, que veem nelas o ser que os completa, se esforcem por serem dignos delas.

E acho que é isto, até porque fartei-me de escrever. :P

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