25 de maio de 2014

Americanah

Autores: Chimamanda Ngozi Adichie
Ficção | Género: romance
Editora: Dom Quixote | Ano: 2013 | Formato: livro | Nº de páginas: 720 | Língua: português

Como me veio parar às mãos: foi-me emprestado pela Ana na sua missão para a Chimamanda-evangelização.

Quando e porque peguei nele: entre 19 de abril e 4 de maio. Como disse, estou a tentar "despachar" os livros emprestados, mas também os recém-adquiridos. Este enquadra-se nos dois porque foi emprestado recentemente. :D


Opinião: O que dizer de um livro que nos surpreende? Sim, já tinha ouvido falar bem da autora de modo que tinha muita curiosidade em ler, mas acho que nada me preparou para isto. Estão a ver aquele sentimento de que falo vezes sem conta cada vez que menciono A Lua de Joana? Este livro foi o que mais perto esteve de me fazer reviver aquela tarde. É certo que não achei a história tão perto da minha, mas o sentimento de estar noutra pele, ver o mundo por outros olhos, perceber a sua visão e viver uma vida pela qual não passei. Está tudo aqui.

A história de Ifemelu pode não ser das mais tocantes, mas a sua visão do mundo é fantástica. A vida na Nigéria e o contraste com a América, como muda, ou melhor como cresce... As diferenças culturais que marcam e o racismo que quem não é vítima não o sente e por mais boas intenções que tenha não pode perceber o que verdadeiramente é. Não consigo descrever tudo o que este livro me fez sentir, ou até pensar. Este artigo fá-lo melhor que eu, mencionando também uma cena que me fez perceber o quão cega tenho sido quanto à beleza, o seu ideal e tendências da moda diz respeito. Sim, eu vou acompanhando o esforço de marcas que valorizam todas as formas e feitios, mas em termos de cor de pele e tipos de cabelo, o que tal implica em termos de maquilhagem e penteados, nunca tinha passado pela minha cabeça. Nunca dei conta e é embaraçoso pensar que poderia ter a mesma reação que o namorado dela.

Mas não é só de Ifemelu que o livro fala e apesar de ter achado a história de Obinze menos interessante, não deixou de mostrar o quanto o sonho de emigrar pode dar para o torto.
Alexa e os outros convidados, e talvez até Georgina, compreendiam a necessidade de fugir à guerra, ao tipo de pobreza que esmagava as almas humanas, mas não compreendiam a necessidade de escapar da letargia opressiva da falta de escolha. Não compreenderiam porque é que pessoas como ele, que haviam crescido bem alimentadas e com todas as necessidades satisfeitas, mas atoladas em insatisfação, condicionadas desde a nascença a olhar na direção de outro lugar e eternamente convencidas de que as vidas reais aconteciam nesse outro lugar, estavam agora resolvidas a fazer coisas perigosas, coisas ilegais, para poderem partir, sem que nenhuma delas estivesse a passar fome, a sofrer violações ou a fugir de aldeias incendiadas, mas meramente famintas de escolha e de certeza.

Merece pontuação máxima mas não fui capaz de dar mais que 4 estrelas no Goodreads porque, quando comparado com A Lua de Joana, faltou-lhe o ter-me feito achar que cresci no período em que o li. Espero que me tenha feito abrir mais os olhos para algo que nunca senti na pele mas pelo qual muitos passam todos os dias, mas não posso dizer que cresci. Mas é mais que aconselhado e esta é uma autora para continuar a seguir. É para isto que os livros servem, é por isto que eu leio e esta história li-a com muito gosto, tanto que as páginas voaram sem me dar conta.

É desde já um dos melhores livros do ano.

Veredito: Para ter na estante.

Sem comentários:

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