13 de setembro de 2012

A Noiva Bórgia

Autor: Jeanne Kalogridis
Ficção | Género: Ficção Histórica
Editora: Difel | Ano: 2006 (publicado originalmente em 2005) | Formato: livro | Nº de páginas: 512 | Língua: português

Como me veio parar às mãos: veio das BLX. Achei que trazer apenas dois livros era pouco, então trouxe 3. :D

Quando e porque peguei nele: 20/agosto a 26/agosto. Tem Bórgia no título, tinha ouvido falar bem e queria ler algo do género. Conta para o desafio: Book Bingo - Ficção histórica


Opinião: Depois de não ter terminado o livro da Philippa Gregory e desejando, ainda assim, ler um livro de ficção histórica, aproveitei para ler este não só porque “OMD Bórgias!” e a segunda temporada está para estrear no AXN (claro que com a minha sorte vou perder quase todos os episódios ao ir para outras paragens, mas férias! \o/ ), mas também porque tinha ideia que o pessoal tinha gostado. De facto o livro até começa bem, é muito mais agradável seguir Sancha do que a Maria Bolena de Gregory, que me mexeu imenso com os nervos. Sancha parecia uma personagem mais decidida, com um lado mais negro ou não descendesse de doidos, como o seu avô que teria uma sala pejada de cadáveres dos seus inimigos. Talvez por isto, e por saber que para além de se casar com um Bórgia havia sido também amante de outros dois, esperava um outro tipo de história e evolução de personagem. Mas a partir do momento em que entram os Bórgias em cena, a coisa descarrila e acabou por perder o interesse.

A Sancha é a MAIS bela de todas e TODOS os Bórgias, com exceção de Lucrécia porque é gaja, se apaixonam por ela. Ou pelo menos querem ir para a cama com ela. Mas ela só tem olhos para o bonitão do César, até que descobre que só é bom como o milho por fora, pois não há criatura mais cruel que ele, e isto é dizer muito quando não há um único Bórgia bom pois Jofre é fraco, Juan é convencido e viola-a, o Papa é lascivo e incestuoso, a Lucrécia é uma bitch incestuosa mas também ingénua, conforme conviesse à história e desse jeito à autora. *suspiro*

Basicamente, o retrato resume-se a Bórgias são fracos ou a pior escumalha que alguma vez pisou a terra. Eu sei, sou parcial porque sou fascinada pela família, muito pelo que de mal se conta, mas chateou-me que não tivessem qualquer traço redentor, que os laços de família, que supostamente seriam fortes (se esquecermos a questão de Juan e César), aqui fossem apenas de conveniência, para atingir fins pessoais como no livro da Philippa Gregory e não para o bem comum da família. Um dos exemplos é a relação que Sancha, neste livro, tem com o irmão e que seria mais próxima da que Cesar e Lucrécia partilhavam, e eu esperava, do que a apresentada, que segue então a linha do incesto conforme propagandeada pelos inimigos da família. Sim, porque apesar da autora apresentar tal coisa como facto na nota final, não há qualquer suporte para tal coisa, para além dos rumores. Se ainda hoje na vida política se tenta desacreditar o adversário, imaginem nesta época, em círculos tão altos como o papado e quando a Itália se encontrava dividida em vários reinos e as várias famílias dominantes tentavam alargar a sua influência a estados vizinhos! E não bastava colocar a Lucrécia na cama do irmão, não também tinha de colocá-la na cama do pai porque, como disse, jamais houve pior escumalha! Claramente não bastava os abusos de poder e os assassinatos para mostrar a crueldade desta família... *revira olhos* Ok, eu até não me importaria com a cena do incesto se contribuísse de alguma forma para a história, mas parece que apenas estão lá para chocar o leitor já que até para caracterizar as personagens é desnecessário a meus olhos, que já havia percebido antes que eles eram maus, mais uma vez, a pior escumalha à face da terra. Não era preciso colocar tanta ênfase nisso!

A sério, tive realmente problemas com o retrato das personagens, nomeadamente dos Bórgias. Lucrécia não era a inteligência descrita pelos seus contemporâneos, como disse a sua caracterização parecia flutuar de acordo com as necessidades da autora, Rodrigo não era o hábil patriarca que conseguiu imiscuir-se em casas europeias nem o diplomata que jogava conforme lhe daria jeito, e César mais parece um menino mimado e caprichoso, pouco se vendo do hábil estratega que terá inspirado Maquiavel. Mesmo a própria Sancha acaba por prometer mais do que oferece. O retrato é tão de revirar olhos que já nem do resto da história me lembro, a não ser que parece se arrastar e repetir.

Enfim, acabou por entreter enquanto espero pela série televisiva, mas à semelhança da Philippa Gregory, prefiro a série que se debruça sobre as mesmas personagens históricas ao livro.

Veredito: Emprestado e pouco se perde com isso. Parece-me que havia potencial para mais, mas a autora preferiu antes chocar do que propriamente desenvolver as personagens por forma a tornar a história mais apelativa, o que faz com que por vezes pareça que o livro se arraste. Houve uma altura em que cheguei a contar quantas páginas faltava para o fim, porque já estava cansada de “ai que são tão cruéis” e “woe is me que tenho de continuar low profile ou a minha vida fica em risco”. Pensei que a Sancha tivesse cojones mas é preciso penar para ver tal coisa...

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